O Brasil ainda é um país que registra um alto índice de analfabetismo. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgados no ano passado pelo IBGE, de 2008 para 2009, o número de analfabetos com dez anos ou mais no Brasil caiu mais que de 2007 para 2008, mas o ritmo da redução ainda é lento. Enquanto na PNAD 2008 a taxa praticamente não se alterara em relação ao ano anterior, passando de 9,3% para 9,2%, na pesquisa de 2009 o indicador passou a 8,9%. Em números absolutos, ainda são mais de 14 milhões de brasileiros (desse grupo etário) sem ao mínimo saber ler e escrever. Um outro índice alarmante, o de analfabetos funcionais - pessoas com menos de quatro anos de estudo - chegou a 20,3%: um em cada cinco brasileiros. Se observou um recuo pouco significativo em relação à 2008, de apenas 0,7%. Dos alunos que frequentam a escola, 78% estão nas públicas, ou seja, mais de 43 milhões de pessoas. A pesquisa PNAD ainda revelou que, desse total, cerca de 54% se concentram na esfera municipal. A responsabilidade das prefeituras passou a ser ainda maior. Osasco é um exemplo disso. O município, que absorve uma grande quantidade de estudantes, possui dados relativamente baixos, no comparativo nacional, de analfabetismo. Entre crianças o índice é de 2% e entre jovens e adultos de 3%. Diante da necessidade e do compromisso social, foram inaugurados dois CEUs (Centros de Educação Unificada), um no Jardim Santo Antonio e outro no Jardim Elvira, comprovando a atenção dada pelo prefeito Emidio de Souza para um projeto de tamanha envergadura. O investimento em educação passou a ser prioridade para essa administração municipal. Com o apoio do deputado João Paulo Cunha, que em Brasília trabalha incansavelmente na busca de recursos públicos para investimentos na cidade e, particularmente, na educação, Emidio tem dado sinais de que pretende entregar o seu governo, no final do ano de 2012, com taxas ainda menores de analfabetos osasquenses. Os CEUs deram certo. Comprovaram que é possível o resgate da cidadania. Espaços abertos para a integração social certamente diminuem outros índices ainda altos no Brasil, como os da marginalidade (assaltos, tráfico de drogas, prostituição). Com o mesmo objetivo de servir a comunidade, o UNIFIEO (Centro Universitário FIEO) tem dado mostras de que é possível reduzir o analfabetismo. Desde 1998, o curso de alfabetização de adultos da instituição já formou cerca de 1.000 alunos. Tenho bastante esperança. A Finlândia (um comparativo talvez injusto), país nórdico da Europa, lidera o ranking Pisa, a mais abrangente avaliação internacional de educação, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas não foi sempre assim. Há 40 anos, metade da população ainda vivia na zona rural. A economia dependia da flutuação do preço da madeira, pois 55% das exportações eram vinculadas à indústria florestal. Em 1985 o país resolveu mudar essa realidade, com a reforma educacional. Atualmente, 99% das escolas são públicas. A mão de obra é extremamente qualificada, graças a aplicação de 6% do PIB em educação - enquanto que no Brasil é cerca de 4%. Além disso, a Finlândia ainda tem o terceiro maior investimento em pesquisa do planeta. É aquela conhecida máxima de que destinar recursos para a educação constrói uma sociedade mais digna. E a Finlândia serve como exemplo. Nota do Editor: Ari Macedo é doutor em Ciência Política pela PUC-SP. Atualmente é professor do UNIFIEO.
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