A liminar deferida pelo juiz João Mário Estavam da Silva, da 1ª Vara Judicial de Ubatuba, em ação civil pública por ato de improbidade administrativa movida pelo promotor de Justiça Jaime Meira Nascimento Júnior, determinou o afastamento cautelar do prefeito municipal de Ubatuba, Eduardo de Souza Cesar, de seu chefe de Gabinete, Délcio José Sato, e do motorista da Prefeitura, Richarles Freitas. Eles são acusados de uso da máquina pública para patrocinar interesses individuais no município. De acordo com a ação, o motorista foi fotografado, durante desfile no aniversário da cidade, distribuindo panfleto de propaganda pessoal do prefeito, com diversas fotos de seu chefe de Gabinete, pré-candidato nas próximas eleições municipais. Os panfletos estavam no porta-malas de um veículo da frota municipal. Após analisar os materiais, o juiz escreveu em sua decisão que “patente se encontra o uso da máquina e de funcionários do Município para patrocinar interesses diversos daqueles do próprio Município e, pior, para patrocinar o atual gestor e seu candidato, o que viola frontalmente os princípios da legalidade e da moralidade”. Isso que você acabou de ler é filme velho. Pertence ao passado. A dúvida que paira sobre as cabeças ubatubenses é: o que vai acontecer agora? Eduardo Cesar deve voltar. A liminar que o afastou não é definitiva. O retorno dar-se-á em uma semana, duas, um mês, ou em algumas horas. Eu soube de um bolão com tainha laqueada para quem acertar a data da volta. Se o retorno é quase certo, também é certo o rombo político causado pela ação da Justiça. O prefeito não vinha bem no campo da popularidade, mas estava fazendo um trabalho de recuperação digno de nota. Esforço jogado por terra graças a um panfleto. Aliás, que panfleto! Papel couchê 120, formato tablóide, com muitas fotos do prefeito e do chefe de gabinete, Sato. Panfleto desnecessário, todos na cidade sabem quem são os dois e o que pretendem. Panfleto que é um autêntico pleonasmo gráfico. Caro e inútil. Ou melhor, útil para a oposição. Eduardo Cesar tem agido como candidato a prefeito. Joga no personalismo, talvez antevendo concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado. Depois do afastamento vai ter de trabalhar dobrado para fazer o sucessor. Para ser deputado é outra história. Sem a máquina da prefeitura, não digo que seja impossível, mas é tarefa de grande complexidade. Dificílima. Tão improvável quanto Gisele Bündchen, passando por Ubatuba, apaixonar-se por um conhecido cachaceiro. E fugir com ele para Cuba. De quem teria sido a idéia do panfleto? Jamais saberemos, mas de uma coisa tenho certeza. Não foi uma boa idéia. Muito caro... Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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