Viking inova com as pranchas estilizadas por reconhecido artista plástico.
| Ivan Storti |  | | | Uma das pranchas pintadas pelo artista Marco Figueiredo expostas na Mostra The Collection. |
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É possível unir artes plásticas e surf? Se você pensa que não, certamente mudará de idéia ao conhecer o trabalho de Marco Figueiredo desenvolvido com a marca Viking. Artista plástico brasileiro radicado nos Estados Unidos, ele tem se dedicado à pintura de arte abstrata em pranchas. O trabalho é inédito e cada prancha tem sua pintura própria, não sendo repetida. O resultado é tão bom que já lhe rendeu exposições específicas dessa atividade, como a mostra "The Collection", promovida pela Viking, em novembro e dezembro de 2004 nos Restaurantes Piola, em Santos e São Paulo. A receptividade vem sendo muito boa e numa crescente. "A maioria das pranchas acaba enfeitando casas, de tanto que o pessoal gosta", diz o artista plástico. Ele ressalta que não cria obras iguais. "Mantenho meu estilo, mas todas as pranchas que eu pinto ficam com seu próprio visual", comenta Marco, destacando o ineditismo do trabalho como outro detalhe importante. "Sinceramente eu não conheço mais ninguém que faça isso", afirma. Advogado de formação, Marco está com 50 anos de idade. Ele partiu para os EUA em meados da década de 80, onde fez cursos de especialização e fixou moradia. Há 11 anos, seu lado artista despertou. "Sempre gostei de arte e uma hora resolvi experimentar. Deu certo!", conta Marco, que já teve obras vendidas em cidades de várias partes do planeta, como Nova Iorque, Paris e Tóquio. O dom para a pintura vingou por acaso. "Sempre gostei de cor e queria decorar minha casa. Fui pintando e criei meu estilo. Comecei a comprar livros, mas nunca copiei ninguém. Me inspirei muito no trabalho do Gonçalo Ivo, um artista plástico que hoje mora em Paris. Comecei a pintar, o pessoal gostou, comecei a vender minhas obras e o trabalho tomou forma", comenta Marco, que é autodidata. "Sou professor de mim mesmo. Meu negócio é brincar com as cores", acrescenta o artista, que inicialmente começou com papel e óleo pastel. Depois passou para as telas. "Fui devagar. De seis anos para cá evoluiu e em 2004 eu realmente defini o estilo que vou ficar. Gosto do abstrato, composição de cores, figuras geométricas", afirma Marco, que usa o mesmo estilo e sensibilidade nas pranchas, mesclando cores fortes, intensas. Da amizade com Christian Wolthers - proprietário da marca Viking e um dos surfistas mais radicais do Brasil nos anos 70 - nasceu a idéia de pintar pranchas. "O Christian gostou de quadros abstratos que eu fiz e sugeriu que eu pintasse uma prancha. Ficou tão bom que ela foi vendida no mesmo dia. Achei aquilo interessante e continuei fazendo as pranchas para a Viking", recorda o artista, que combina cores vivas com linhas modernas. Marco utiliza tinta acrílica, e garante que não busca nada em especial para se inspirar. "Simplesmente adoro o que faço. É algo que não me cansa, tanto que posso pintar 10, 15 pranchas por dia. É tanta adrenalina que às vezes, depois de terminá-las, eu não consigo dormir", conta o artista, que terá uma de suas pranchas na 47ª edição do Grammy. "A prancha será leiloada em homenagem ao Beach Boys. Talvez vá parar na casa de um grande cantor", diz. PRANCHAS DE SURF NA BIENAL DE SÃO PAULO É UMA DAS METAS - Paralelamente à pintura de pranchas, Marco Figueiredo continua produzindo quadros em óleo sobre tela. "No momento existem galerias no Rio de Janeiro e em Milão interessadas em expor minhas obras", revela. Em relação às pranchas, ele acalenta um sonho: fazer uma instalação na próxima Bienal de São Paulo, que acontece em 2006. "Seria interessantíssimo ter um espaço na Bienal, tenho certeza que chamaria muito a atenção. E seria uma forma de divulgar o surf na arte", destaca o artista que mora na Flórida e vem constantemente ao Brasil, na sede da Viking em Santos, para pintar as pranchas. VIKING - Criada em 1973 pelos irmãos Christian e John Wolthers, a Viking Surfboards se transformou numa das principais marcas do País na época, funcionando até 83. Os dois, inclusive, eram conhecidos como os irmãos Viking, pela descendência dinamarquesa. Atualmente, Christian mora nos Estados Unidos e há três anos reativou a empresa, que tem sede na Flórida e em Santos, com vendas de pranchas pela Internet. No Brasil, a marca vem chegando também para o mercado de surfwear, com roupas e acessórios e é presidida pelo filho de Christian, Rasmus. "Reativamos a Viking porque pudemos fazê-la de forma global. Hoje a tecnologia permite isso. E nos Estados Unidos a demanda de produtos ligados ao surf é maciça", conta Christian, que continua shapeando (produzindo) as pranchas. Além da inovação das pranchas, a Viking vem investindo no surf. Em 2004, a marca patrocinou o primeiro campeonato internacional na Guatemala. O evento, reconhecido pela ISA (International Surfing Association), foi um sucesso, reunindo mais de 55 atletas da Guatemala, Estados Unidos, México e El Salvador, nas categorias open, júnior (sub 19), mirim (sub 16) e bodyboard. A competição na Praia de Rancho Carillo, em Sipacate (litoral Pacífico), fez parte do projeto da Viking Surfboards USA e Brasil de incentivar o crescimento da modalidade. "O surf lá ainda é desconhecido da maioria da população, que sempre viveu longe do mar e o país tem picos fantásticos", destaca Christian Wolthers. Com o sucesso desse evento, ele já anuncia dois novos projetos - a Nicarágua e a Costa dos Alcatrazes, em São Sebastião, no litoral norte de SP. O objetivo é, também, mostrar a natureza local, tradições. Mais informações sobre a marca Viking pelo telefone (13)3219.5693 e no site www.vikingsurfboards.com.br.
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