A Initial Public Offering (IPO) nem sempre é a melhor alternativa para a capitalização de uma empresa. A abertura de capital e a oferta de ações no mercado mobiliário são transformações significativas na gestão e na cultura da organização, gerando custos elevados e impondo novos processos e compromissos. O aparentemente barato, numa comparação com a captação de recursos no setor financeiro, pode sair muito caro. Os principais ônus e transformações inerentes ao IPO referem-se a publicações de demonstrações financeiras em jornais de grande circulação, manutenção de auditoria externa para validar as demonstrações financeiras, exigência de uma diretoria de relações com investidores, taxas pagas à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), aumento dos controles internos, manutenção de departamento de custódia e, para alguns, a pior situação: novos acionistas (sócios), que receberão juros e dividendos. Portanto, o sonho pode virar um pesadelo. Não é sem razão, portanto, que algumas empresas fazem o caminho de volta. Para isso, recorrem à chamada OPA (Oferta Pública de Aquisições), aproveitando momentos de quedas acentuadas de seus papéis no mercado mobiliário, para comprá-los e fechar o capital. Isso, porém, tem um preço em termos de imagem, pois os investidores que confiaram na organização e compraram suas ações, ficam bastante insatisfeitos. E, aí, não adianta explicar que Bolsa de Valores sempre implica riscos... Os investidores que ficaram com “restos” desvalorizados dos papéis devem procurar as corretoras ou a própria empresa para tentar trocá-los. Afinal, eles acabam, de certa forma, financiando o fechamento do capital da organização, com seus recursos diluídos em ações paulatinamente desvalorizadas. Muitas vezes, as empresas recompram suas ações pagando mais barato do que o valor patrimonial apurado em suas demonstrações financeiras. Assim, antes do IPO é preciso estudo, reflexão, projeções seguras, cálculos e muita segurança quanto às metas e diretrizes. A abertura de capital não deve ser simples opção para capitalizar a empresa, mas sim para melhorar sua gestão, aperfeiçoar seus processos e viabilizar seu crescimento. Feita sem tais requisitos, somente irá alimentar as especulações sobre sua situação econômico-financeira, que são altamente prejudiciais aos negócios. Nota do Editor: Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis daFASM (Faculdade Santa Marcelina).
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