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Ilhabela
18/05/2012 - 10h00
A Congada de São Benedito em Ilhabela
Maria Angélica de Moura Miranda
 

São Benedito era de uma família podre que viveu na Itália, neto de escravos que vieram da África.

Morou com os pais até os dezoito anos quando virou frade franciscano e dedicou sua vida a Deus.

Foi cozinheiro de um convento e levava comida para os pobres. Certa vez, quando levava comida escondido, foi surpreendido pelo supervisor do convento que perguntou o que estava levando em uma cesta, ele então respondeu: “São flores, meu senhor”. O homem, desconfiado, descobriu a cesta e por milagre haviam rosas vermelhas, cor-de-rosa e brancas.

Ilhabela foi colonizado por índios, europeus e negros, em 1798 a população negra representava 60% dos habitantes, por causa do trabalho escravo nos engenhos, com isso não se sabe ao certo em que ano foi criada a primeira Congada, mas acredita-se que foi há quase 200 anos.

Na terceira sexta-feira de maio a festa começa com o levantamento do mastro, o capitão do mastro entra na mata e escolhe uma árvore de tronco bem forte, que é enfeitado com flores representando o milagre de São Benedito.

Em frente a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, na Vila, ao som do atabaque, da marimba e do sino é levantado o mastro com a bandeira de São Benedito. Depois das orações é servido um bolo que hoje em dia tem mais de quatro metros de comprimento, acompanhado de concertada.

Durante a congada os Congos de Cima que são os fidalgos do Rei, representando os cristãos, que contam também com a Rainha, o Secretário e o Príncipe vestidos de azul, querem festejar São Benedito com danças.

Os Mouros, que são os Congos de Baixo, vestidos de vermelho tem o Embaixador como seu representante e querem louvar São Benedito cantando, além de tomar o trono do Rei.

A Congada é um teatro de rua, apresentado em três bailes, quando os dois grupos se enfrentam e representam a guerra, mas no final o Rei descobre que o Embaixador é seu filho e dançam juntos.

No domingo é rezada a missa da Congada, onde todos vão vestidos com trajes africanos, até o Padre. Mas há muito tempo atrás a Igreja não reconhecia a Congada e eles eram proibidos de entrar com os trajes da festa.

Nos três dias da festa é montada a Ucharia, a cozinha onde os voluntários, homens e mulheres, se reúnem para preparar a comida dos Congueiros: de manhã café reforçado e no almoço feijão, arroz, carne com batata picadinha, macarronada, farinha de mandioca e salada. Antigamente os devotos doavam porcos aves e até bois, mas hoje em dia os Congueiros passam listas, pedindo ajuda e ganham muita coisa para servir no dia da festa, que reúne mais de 100 pessoas.

A Congada foi o tema do livro “A Congada de Ilhabela na festa de São Benedito” (1981) da pesquisadora, folclorista e escritora Iracema França Lopes Corrêa, e não tenho dúvidas que foi fonte de estudos para várias gerações de Congueiros, além de que ela pessoalmente se dedicou para que a Congada nunca acabasse.

Conheço famílias como a da Rosângela e do Gilmar Pina, que tem várias gerações na Congada, e vejo também que o Professor Adalberto Lopes que veio de São Sebastião, tendo casado com a Mercedes Santos, de família de Congueiro, passou a participar e proteger essa apresentação folclórica e religiosa. Acredito que o respeito e o empenho dos moradores de Ilhabela tem sido muito importante para o fortalecimento da Congada.

A partir do ano 2000, o Professor Adriano Leite, criou a Congada Mirim, que é um tipo de curso onde as crianças aprendem tudo sobre a Congada, essa idéia deu certo e os meninos de sete a quatorze anos estão sendo preparados para substituir os antigos Congueiros que por problemas de saúde não podem participar mais.

Agora os professores Branco, Anderson e Flávio, nos meses de março, abril e maio, quando a Congada está chegando, levam os meninos para a rua, assim eles perdem o medo e vão treinando as falas e danças para no futuro se tornarem verdadeiros Congueiros.

A Congada de Ilhabela, já foi fonte de inspiração para pesquisadores como a antropóloga Marcia Merlo (Memória de Ilhabela), para fotógrafos como a fotógrafa Maristela Colucci (Os meninos da Congada), e no último dia 14 a Prefeitura de Ilhabela apresentou o trabalho do Professor Adriano Leite, uma publicação com 60 páginas, onde ele resgata toda a história da Congada de Ilhabela.

Cabe a nós, levarmos os nossos filhos e netos para conhecerem este espetáculo, que sem dúvida, é uma das mais belas manifestações folclóricas e religiosas do Litoral Norte.


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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