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Economia e Negócios
21/08/2012 - 12h15
O basquete dos EUA e o futebol do Brasil
Fabrício Pessato Ferreira
 
Uma lição para as organizações

O basquete dos Estados Unidos é sem dúvida o melhor do mundo. O futebol brasileiro não é mais o mesmo desde a década de 1980, apesar do ufanismo característico de locutores tupiniquins.

Dentre os esportes coletivos, talvez o basquete seja o mais individualista de todos. E os Estados Unidos, apesar de ser o país mais individualista do mundo, têm um sistema de premiação que reconhece os melhores jogadores não pela atuação individual, mas sim pela contribuição para a coletividade. Diferentemente do futebol, em que o melhor jogador é o “artilheiro” que faz mais gols, o “jogador mais valioso” (MVP) da associação de basquete dos EUA, a NBA, raramente é o “cestinha”. Geralmente é aquele que apresenta o melhor desempenho em um conjunto de atributos, não apenas a mera pontuação, ainda que o número de pontos seja o critério para a vitória.

Mais do que isso, um jogador pode ser ovacionado pelos fãs de basquete por ser muito bom em apenas um quesito que não seja a pontuação. Dennis Rodman era um jogador que arremessava mal, passava errado, mas ficou famoso por ser um grande pegador de rebotes, que é quando a bola é arremessada, mas não entra na cesta. Earvin Johnson foi um jogador que ganhou o apelido de “Mágico” em função de suas inacreditáveis assistências, aquele passe perfeito que resulta em cesta. John Stockton, com apenas 1,85 m - baixo para os padrões do basquete - ganhou destaque por ter a maior média de roubada de bola da história da NBA, um importante atributo da defesa.

Aliás, apesar de o basquete ser um jogo em que o vencedor é quem detém maior pontuação, ser um bom defensor é um dos atributos mais valorizados no modelo norte-americano. O bom ataque acaba sendo uma consequência natural de uma defesa coletivamente bem organizada. O excelente preparo físico é essencial para que sejam jogados os quatro quartos no mesmo nível de boa defesa. E os jogadores da NBA, apesar de receberem salários milionários, treinam exaustivamente, tanto para ter um impecável preparo físico, como para ter arremessos certeiros no ataque.

No futebol brasileiro, são inúmeros os maus exemplos de craques “fora de forma”, que fazem questão de não treinar ou frequentar bares e festas regadas a bebida alcoólica. É estranho que os dirigentes tendem a ser coniventes com esse comportamento pouco profissional, acreditando que é melhor ter um craque obeso, destreinado ou alcoolizado de que a torcida goste, do que jogadores formados nas divisões de base que são empenhados, mas pouco conhecidos.

Paradoxalmente, os “donos da bola” costumam cobrar profissionalismo dos jogadores novos que têm um domínio de bola fora do comum, proibindo-os de driblar excessivamente, exigindo que participem da defesa e que toquem rapidamente a bola, sem “firulas”. Acabam, assim, anulando-lhes a vantagem competitiva e facilitando a vida do time adversário. Não obstante, continuam reconhecendo e premiando apenas “artilheiros”, enquanto os jogadores das demais posições ficam no status de coadjuvante.

Curiosamente, muitas organizações reproduzem essa característica do futebol brasileiro. Costumam premiar os funcionários “artilheiros” que são, em geral, grandes vendedores e articuladores. Esquecem-se de que cada profissional tem um perfil peculiar à função que exerce. Quem está “na defesa”, como na área financeira, é tão importante quanto quem está no ataque. Quem “dá a assistência” para o gol, por exemplo, quem está na linha de produção, deveria ter mérito de artilheiro, embora muitas vezes sequer seja reconhecido. A equipe de pós-venda que “pega o rebote” é essencial para a empresa, mas pouco destaque costuma receber.

Como no futebol brasileiro, o técnico que traça os rumos estratégicos da empresa infelizmente costuma ser descartável e substituído quando há uma sequência ruim de resultados. Embora os “dirigentes” não se apercebam de que o mau desempenho é consequência da falta de planejamento e uma subsequente execução desordenada. Assim, setores pouco prestigiados ocupam-se da “gestão de incêndios”, enquanto o prêmio pelo eventual sucesso é atribuído aos pseudo-craques que muitas vezes sequer são bons profissionais.


Nota do Editor: Fabrício Pessato Ferreira é professor e coordenador dos cursos de Gestão Financeira e Ciências Contábeis da Metrocamp (Grupo Ibmec).

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