A jovem australiana Jessi Miley-Dyer pegou as melhores ondas no domingo decisivo da Copa Movistar Pro Peru 2005 e frustrou a enorme torcida que lotou a Playa Asia, balneário localizado 100 quilômetros ao Sul de Lima, a capital do Peru. Primeiro superou a atual campeã mundial Sofia Mulanovich dentro da casa dela, diante de um público estimado em 25.000 pessoas torcendo contra na semifinal. Depois, ganhou a batalha final contra a catarinense Jacqueline Silva, que terminou como vice-campeã no primeiro evento classificatório para o ASP World Championship Tour realizado na América do Sul. A australiana de apenas 22 anos de idade já havia sido a maior surpresa na etapa que abriu as séries qualificatórias do Circuito Mundial de Surfe Profissional Feminino em Phillip Island, onde ficou em quarto lugar na final do 4 estrelas da Austrália. Com a vitória no 5 estrelas do Peru, Jessi Myler-Dyer passa a liderar a corrida pelas seis vagas que vão completar a elite mundial feminina do ano que vem. E Jacqueline Silva agora parte para defender o título da primeira etapa do WCT 2005, de 01 a 13 de março na Gold Coast, Austrália.

Depois de dois dias de boas ondas, as condições do mar mudaram bastante no domingo. As baterias decisivas acabaram realizadas em ondas irregulares de 1,5 metro de altura, com um grande espaço na entrada das séries prejudicando ainda mais as disputas na lotada Playa Asia. Na grande final, Jacqueline Silva pegou sua primeira onda logo no início e só conseguiu surfar a segunda quando já restavam 3 minutos para o término dos 35 minutos de duração da bateria. Jessi Miley-Dyer teve mais sorte, pegou três ondas razoáveis e ficou com o prêmio máximo de 4.000 dólares oferecido com o patrocínio da Telefônica Movistar.

A vitória também valeu 2.000 pontos que levaram a australiana para o primeiro lugar no ranking. A brasileira estava estreando na temporada e, com os 1.720 pontos do segundo lugar na Copa Movistar Pro Peru 2005, entrou direto na sexta colocação, levando 2.000 dólares de prêmio. A outra grande favorita, Sofia Mulanovich, ficou nas semifinais nas duas primeiras etapas e agora aparece em segundo na classificação geral das séries qualificatórias para o WCT, mas é na Austrália que ela começa a defender o título de campeã mundial.

A peruana também tinha sido barrada pela mesma Jessi Miley-Dyer em Phillip Island, mas numa bateria com quatro atletas. E as duas começaram forte aproveitando bem a ótima série que entrou no início do novo confronto, agora na casa de Mulanovich. A onda da australiana foi melhor e recebeu nota 9, enquanto a da peruana valeu 8,5 pontos. Empurrada pela imensa torcida, a campeã mundial tentou de tudo para reverter o resultado, porém foi novamente derrotada pela australiana e teve que se contentar em dividir o terceiro lugar no pódio com a havaiana Megan Abubo, que também sofreu com a irregularidade do mar no último dia e foi facilmente batida pela catarinense Jacqueline Silva.

O domingo começou com a realização das quartas-de-final, inaugurando o novo formato de baterias com um confronto direto entre apenas duas atletas, antes somente utilizado no WCT. Nessa primeira rodada, Jessi Miley-Dyer já mostrou que aquele era o seu dia nas duas últimas ondas que pegou para fechar a primeira bateria com o recorde de Jacqueline Silva: 18,50 pontos de 20 possíveis. Só que com notas 9,5 e 9,0 e a catarinense terminou como a única surfista a receber uma nota 10 na Copa Movistar Pro Peru 2005.

Na segunda bateria, a peruana Sofia Mulanovich não teve dificuldades para vingar a derrota sofrida na terceira rodada para Ellen Black e a brasileira passou igualmente com muita facilidade pela também australiana Rebecca Woods na última quarta-de-final. Só que no final a Austrália acabou fazendo a festa com Jessi Miley-Dyer, que impediu uma aguardada final sul-americana entre a campeã mundial Sofia Mulanovich com a brasileira Jacqueline Silva.

Mas, a Copa Movistar Pro Peru 2005 foi um grande sucesso e a Telefônica Movistar já confirmou a reedição do evento para o ano que vem. Com entusiasmo, ainda foi prometido tentar realizar uma etapa do WCT ainda neste ano no Peru. Certamente, as cerca de 25.000 pessoas que lotou a Playa Asia no domingo foi resultado do título inédito para a América do Sul da peruana Sofia Mulanovich. "Estou bastante feliz com toda a alegria e admiração do povo peruano e, mais ainda, com a atenção que a imprensa nacional passou a dar para o surfe depois deste título mundial. Acho que é um ótimo momento para que o surfe peruano possa encontrar ainda mais apoio para direcionar o seu crescimento e ainda para abrir os olhos das surfistas de outros países, mostrando que elas também podem chegar ao topo do esporte", disse a primeira sul-americana número 1 do mundo na ASP.