Passado o turbulento início de ano e o tradicional período de férias e festividades que se estende até o Carnaval e que, em anos pós-eleitorais, se soma aos complexos processos de transição e assunção dos novos governos, se inicia, agora, de forma plena, a jornada da administração por parte de nossos escolhidos - agora em 2005, os prefeitos municipais. Colocar em prática tudo aquilo que foi debatido e proposto durante a campanha é o grande desafio das novas administrações. Em geral, os prefeitos deparam-se com um desafio: obter de suas equipes respostas rápidas e o desempenho esperado. Em municípios pequenos, talvez essa tarefa seja menos árdua, mas nem por isso de fácil consecução.

Se admitirmos que muitas promessas de campanha ficarão restritas àquilo que são - promessas de campanha -, uma outra perspectiva se abre perante as necessidades imediatas da população, que quer suas reivindicações prioritárias atendidas. Entre essas reivindicações, está a mais incômoda de todas, para qualquer governo - a política de geração de renda. Iluminação pública, esgotos, pavimentação, postos de saúde etc. já fazem parte da lista de medidas prioritárias. Entretanto, criar condições para que determinada camada da população (ou às vezes ela toda) possa gerar seu sustento de maneira satisfatória ainda é um grande paradigma a ser superado.

Há, porém, um instrumento real para que tal possibilidade se concretize: trata-se da implantação de incubadoras de cooperativas e associações de profissionais. Com elas, desenvolve-se na população o espírito de empreendedorismo e co-participação em resultados. Integram-se bairros e categorias profissionais. Permite-se que a autogeração de renda desonere cofres públicos, dando condições para que a própria população identifique suas necessidades, fraquezas e capacidade de resgate de cidadania. Em conjunto com o Poder Público Municipal, esse modelo tem feito crescer muitos municípios do país.

Em São Paulo, a nova Administração esboça uma atuação nesse foco. A nomeação de Walter Tesch, cooperativista reconhecido mundialmente pelo seu trabalho, como subprefeito de Parelheiros (zona Sul da capital), já indica um avanço estratégico nesse sentido. E os municípios menores? O que podem fazer os novos prefeitos que gostariam de desenvolver essa iniciativa na população, resgatando a idéia de que o governo não é assistencialista e sim fomentador de oportunidades?

Para quem atua no mercado cooperativista, a visão é muito clara. Deve-se incentivar a criação de incubadoras de cooperativas junto à municipalidade, o que garante seriedade no desenvolvimento de sistemas dessa envergadura e possibilita a diversas pastas de apoio o atendimento à gestão municipal, concomitantemente. Trabalho e renda, saúde, habitação, crédito cooperativo, produção industrial e agronegócio, eletrificação, saneamento urbano e tantas quantas sejam as necessidades da população e tantos quanto sejam os desafios do novo governo podem ser resolvidos e superados com iniciativas cooperativistas.

O cooperativismo é, sem sobra de dúvidas, a ferramenta do futuro - na atualidade -, que poderá fazer a diferença entre o ostracismo político e a reeleição de muitos dirigentes.

Nota do Editor: Daniel Augusto Maddalena é consultor especializado em cooperativismo.