Nos últimos seis meses, foi possível observar um movimento curioso durante as entrevistas realizadas com profissionais C-Levels do mercado financeiro, mais especificamente os executivos que trabalham em bancos. Muitos deles querem abandonar suas carreiras nessas instituições para investir em algo novo, como abrir seu próprio negócio.

As crises econômicas enfrentadas desde 2008 impactaram fortemente os negócios financeiros e também abalaram a segurança e estabilidade emocional dos profissionais deste setor. A busca por qualidade de vida, vontade de ganhar seu próprio dinheiro e de aguçar o seu lado empreendedor têm sido fatores cruciais para levar esses executivos a tomarem tal decisão. Além da grande redução nos bônus destes profissionais, a instabilidade constante e o medo de perder o emprego por causa de uma futura crise também têm contribuído para que eles fujam do mercado financeiro e busquem algo mais confortável e estável.

Outro ponto determinante para o surgimento desses novos empreendedores é que muitos não estavam alinhados com as políticas das corporações onde trabalhavam. Além disso, a rotina de escritório e reuniões intermináveis também é um agravante incômodo para empreendedores por natureza. Com a abertura de seu próprio negócio, os executivos enxergam a oportunidade de imprimir seu estilo de gestão, de trabalhar melhor e mais feliz. As vantagens para aqueles que apostam em seu lado empreendedor é que podem tomar conta de sua empresa da maneira que acreditam e não da maneira imposta por determinada organização.

No entanto, o profissional precisa estar atento para a tomada dessa decisão que será um divisor de águas em sua carreira. É preciso sentir e reconhecer o momento exato para essa mudança. O executivo tem de ter estabilidade e inteligência emocional para avaliar qual é a vulnerabilidade do seu novo negócio, qual será o impacto dessa decisão em sua família, qual tipo de obstáculos enfrentará para que o resultado final seja o desejado.

Nota do Editor: Ana Guimarães é gerente da divisão de Mercado Financeiro da Robert Half.