Abandono-me ao sopro do vento morno que na tarde em retirada brinca com os meus cabelos nas folhas de plantas rasas que cobrem de um verde musgo a parte alta da praia deserta em jundu de singela festa. No canto onde o rio de si se escorre é lago quando a maré é cheia e galgo quando em vazia se esconde o pescador que chega de longe da crista da onda mansa embica sua canoa ponte infinita frágil sutil sinuosa que a remo se multiplica boiando em aquarela em verdes-azuis transparências onde flutua seus sonhos a flutuar sua lida e de onde recolhe os frutos para colher sua vida. Em sua rotina de reta o horizonte se engravida empina-se em curvatura arredonda-se em barriga para parir a lua e resplandecer a noite imensamente. Nota do Editor: Pedro Paulo Teixeira Pinto nasceu em São Paulo e aos dezenove dias veio viver na Ilha Anchieta onde passou a maior parte da sua infância. É professor e foi prefeito de Ubatuba de 1984 a 1988. Escreve poesias, crônicas, artigos e letras de músicas.
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