Acorda cedo. Dá um beijo nos filhos que ainda estão dormindo e vai para o trabalho. Exerce sua rotina profissional durante o dia inteiro. Chega em casa à noite muito cansada. Dá um beijo nos filhos que já estão dormindo. Ajeita as coisas na casa. Conversa com o marido. Dorme e se prepara para o outro dia que será praticamente a mesma coisa. Esse é um resumo generalizado da vida da maioria das mulheres modernas, que precisam se dividir entre a família e o trabalho.

Segundo dados do último Censo Demográfico, realizado pelo IBGE em 2000, o número de mulheres que são responsáveis por suas casas vêm aumentando consideravelmente. No Brasil já somam 37,6%. Hoje existe uma nova estrutura do modelo da família, em que os papéis de cada membro estão mudando. O papel da mulher principalmente. Um exemplo é a pediatra do Hospital VITA Curitiba, Drª Cláudia Z. Dias. A médica trabalha oito horas e meia por dia. Mãe de uma menina de 4 anos, divorciada, é responsável pelo sustento da família. Para poder conciliar a vida familiar e a profissional, conta com a ajuda de sua mãe que fica com a neta no horário de trabalho. "Se não fosse minha mãe, não conseguiria trabalhar tanto. Apesar disso, consigo conciliar a vida de mãe e médica. Explico para minha filha desde pequenininha que amo minha profissão e que as pessoas precisam trabalhar. Aí, ela entende".

A médica conta que consegue suprir o tempo que fica longe da filha aproveitando todos os momentos em que estão juntas. "Freqüento todas as reuniões da escola, nos finais de semana fazemos programas juntas, ajudo-a na lição de casa, como qualquer mãe, estou presente. Busco sempre conciliar", diz ela.

Apesar de ter aumentado o número de mulheres que trabalham fora de casa, que são responsáveis pelo sustento do lar, a maternidade não foi deixada de lado. Mesmo que isso signifique cobranças dos filhos e um certo remorso passageiro.

Adriana Kraft, gerente de enfermagem do Hospital VITA Curitiba, trabalha dez horas por dia, é casada e tem duas filhas adolescentes. "No começo, quando as meninas eram pequenas, eu ficava dividida entre curtir as crianças e minha dedicação ao trabalho. As crianças vão crescendo e você não acompanha. Desde chegar em casa e já estarem dormindo ou chegar atrasada nas festinhas da escola. Tinham perguntas do tipo: Mãe, você vai vir para casa no Natal? Elas sentiam bastante. Mas à medida que foram crescendo, o remorso foi diminuindo, porque começaram a ter seus próprios programas.

Adriana conta que quando olha para trás e vê que conseguiu o respeito das pessoas, diminui o peso na consciência. Diz que consegue conciliar as tarefas porque as meninas e o marido entendem. "Eu gosto muito do que faço, me sinto realizada não só profissionalmente, mas também como mãe e esposa".

Mulheres que são "duas" ou, às vezes, "três" ao mesmo tempo, que precisam dividir seu dia entre muitos afazeres, estão aprendendo a conciliar seu tempo com qualidade, e não quantidade. É o caso da gerente de enfermagem Neidamar Arias Fugaça do Hospital VITA Batel. "Trabalho normalmente oito horas por dia, mas devido a emergências acabo ficando mais. Tenho um casal de filhos adolescentes e uma pessoa de confiança que fica com eles há seis anos. Por mais que eu trabalhe muito, até tarefas da escola eu ajudo a fazer por telefone. O que eu acho que importa é a qualidade do tempo que passo com eles, não a quantidade. Se eu estivesse o tempo todo com eles em casa, seria uma pessoa frustrada por não exercer uma atividade profissional. Tenho que ser uma mulher integral. Sou mãe, esposa e profissional, e muito feliz com isso".