Os recorrentes casos de corrupção, no passado e no presente, a cultura do corporativismo e práticas fisiológicas, dentre outros problemas que a democracia ainda não extirpou da política brasileira, tornam exponenciais os exemplos de conduta proba e ética. Dentre estes, sobressai-se o de Mário Covas, prefeito de São Paulo, deputado federal, senador, constituinte e governador do Estado. Há quatro anos, em 6 de março de 2001, despediu-se da Terra com um aceno de dignidade e um gesto de coragem. Lutou até a última energia pelos valores nos quais acreditava e pela dádiva da vida.

Fundador do PSDB e um dos principais líderes da redemocratização do País - com firme atuação na campanhas das "Diretas Já" e eleição do presidente Tancredo Neves, em 1984, e brilhante performance como parlamentar na Constituinte de 1987 -, Mário Covas exercitou a política com estoicismo e absoluta correção. Estabeleceu paradigmas de conduta e uma verdadeira escola de governo, como é possível observar na administração do governador Geraldo Alkmin, em São Paulo. A sua memória continua influenciando o seu partido, a política e a gestão do setor público. A Escola "Mário Covas" de Administração Pública é parâmetro para todos os quadros do partido. Assim, é importante lembrar alguns pontos de sua trajetória.

Defensor dos preceitos democráticos e dos direitos individuais e coletivos, Mário Covas foi protagonista de episódio antológico do Parlamento, como líder do então MDB na Câmara Federal, ao não autorizar a abertura de processo contra o deputado Márcio Moreira Alves. Tal postura foi, também, uma demonstração de respeito ao Poder Legislativo, atitude, aliás, que manteve de forma muito coerente, quando no Executivo, como prefeito e governador.

A ação de Mário Covas como administrador público foi exemplar, tanto pelos métodos, quanto pelos resultados alcançados. Prefeito de São Paulo, nomeado pelo então governador Franco Montoro, outro ícone do PSDB e da política brasileira, e governador do Estado, eleito em 1994 e reeleito em 1998, seus mandatos foram marcados pela transparência e austeridade na realização das despesas públicas. Com isto, antecipou, de fato, a prática da responsabilidade fiscal, mais tarde transformada em lei.

Quanto aos resultados, jamais um governante alcançou índices tão expressivos de sucesso na execução de políticas públicas. Isto está explícito em sua visão de estadista, ao revolucionar o sistema de infra-estrutura de transportes no Estado, contemplando a qualidade das rodovias e a concepção do Rodoanel Metropolitano, dentre outras obras importantes. O primeiro mandato de Mário Covas no governo paulista foi dedicado ao saneamento das finanças públicas, encontradas em situação calamitosa. Com o orçamento em ordem e um bem-sucedido programa de privatizações e concessões, o governo Covas iniciou seu segundo mandato com a possibilidade de realizar o maior programa de investimentos da história de São Paulo.

No momento em que o Brasil ainda tem imensos desafios pela frente em sua caminhada ao futuro, é fundamental a inspiração contida em frase de Mário Covas, pronunciada no ocaso de sua luta pela vida - "Não me venham falar em adversidade. Aprendi que, diante dela, só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer". Que seu legado, governador, inspire as sucessivas gerações de brasileiros na saga da construção de um país mais próspero, justo e desenvolvido.

Nota do Editor: Antônio Carlos Pannunzio, deputado federal, é o presidente do Diretório Estadual do PSDB em São Paulo.