O título deste artigo talvez seja uma das frases mais célebres e a que eu certamente mais cito de Jack Welch, ou simplesmente Jack, como ele gosta de ser chamado. Tive a oportunidade de conversar com ele em uma convenção na qual era o palestrante e eu fiz aquela espécie de abertura, ou seja, falei mais de 30 minutos sobre a importância da liderança em vendas, e o mais importante foi, “Senhoras e senhores, com vocês, Jack Welch”. Welch discorreu apaixonadamente sobre o valor da franqueza — um tópico que examina demoradamente em Paixão por vencer. “Para mim, a falta de franqueza é o segredinho mais sórdido do mundo dos negócios”, disse Jack. Ela “impede o fluxo de ideias criativas, inviabiliza ações que exigem rapidez e não deixa que as pessoas contribuam com todo o potencial que têm a oferecer. Em suma, ela é fatal para os negócios”. A falta de franqueza é particularmente nociva quando impede que os supervisores repassem a seus subordinados um feedback preciso em uma tentativa equivocada de parecer “simpático” a eles. “Aí vem a recessão. As pessoas são demitidas e se perguntam: ‘Por que eu?’ Descobrem então que seu chefe não estava satisfeito com elas e então dizem: ‘trabalhei 20 anos na empresa. Por que você não me disse isso antes?’”, disse Welch durante o debate. Welch sempre insistiu com os gerentes para que adotassem a filosofia de avaliar os funcionários e despedir os improdutivos — isto é, todo ano eles deveriam avaliar os empregados e despedir os 10% menos produtivos. Parece duro, mas Welch lembrou que todo o mundo é avaliado na escola. Há inclusive os que não passam de ano, outros até saem da escola. “Por que só as crianças recebem notas? Por que não dar nota aos adultos também?”, indagou acrescentando que para o funcionamento imparcial do sistema é preciso adotar a base da franqueza. É imprescindível que os empregados sejam avaliados de modo franco, abrangente e periódico. Welch insistia que as pessoas o chamassem de “Jack” porque acreditava que isso as deixaria mais à vontade e, portanto, seriam mais honestas com ele. Um dos maiores desafios das empresas hoje, e não somente dos gestores, é colocarem em prática essa economia de tempo gerada pela franqueza. O receio da mágoa, o receio de perder o emprego ou a posição, ou simplesmente a oportunidade de crescimento, acaba sendo fatal para as empresas e para os profissionais. Não existem empresas francas. O que existem são pessoas que trabalham em uma empresa que são ou não francas. Fica a pergunta: tenho sido efetivamente franco em todas as minhas interações? Nota do Editor: Cesar A. Pancinha Costa é diretor da CAPC Consultoria (capcconsultoria.com.br).
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