Que animais podem alegrar as nossas vidas, isso já é sabido. Mas estudos revelam que o convívio de humanos com animais proporciona ainda mais benefícios. Há uma grande compensação psicossocial neste elo, seja nas terapias educacionais, na reabilitação física e social, na promoção de saúde e bem-estar, no combate ao stress, no estímulo à autoestima, dentre outros. A equoterapia, por exemplo, método terapêutico e educacional, que se utiliza da montagem em cavalos colabora sobremaneira para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências visuais, motoras ou necessidades especiais, num clima de descontração e alegria.

A presença de animais domésticos traz um grande benefício para a saúde e o comportamento de adultos e crianças, inclusive autistas, além de melhorar a relação social na família. Segundo Allen McConnel, pesquisador da Universidade de Miami, “pessoas com animais de estimação têm mais qualidade de vida e conseguem resolver melhor as diferenças individuais do que as que não os têm”.

Os animais hoje estão mais próximos às famílias e, considerados membros do clã, recebem cuidados preventivos para a segurança de todos. À medida que essa relação entre humanos e animais se estreita, mais necessária se faz a pesquisa clínica na saúde animal, para a identificação e avaliação de medicamentos, alimentos, novos tratamentos que aumentam a qualidade de vida e longevidade de animais domésticos, resultando em benefícios que se estendem à população.

O segmento de saúde animal encontra-se em plena perspectiva de ascensão com a “humanização” da medicina veterinária. Apostando nesse crescimento, a indústria farmacêutica tem investido em pesquisas clínicas na saúde animal, que vêm despontando no Brasil no desenvolvimento de novas vacinas, medicamentos e princípios ativos úteis para o tratamento ou prevenção de doenças diversas, inclusive câncer. Hoje já estão disponibilizados na medicina veterinária avaliações com exames e procedimentos avançados como hemodiálise, quimioterapia, ecocardiograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética e outros.

O Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos do planeta

Com uma população de 37,1 milhões de cães e 21,3 milhões de gatos, o Brasil tem a segunda maior população de pets do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas com a verticalização das cidades, fica cada vez mais acentuada a domesticação também de outros animais como aves, répteis, silvestres e peixes. Segundo a ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) em 2012 o mercado de produtos e serviços para animais domésticos faturou R$ 14,2 bilhões, dos quais 68,5% ficaram com o segmento de alimentação (Pet Food). Esse mercado promissor alimenta também as indústrias farmacêutica, veterinária, de vestuário, serviços, festas e até de guloseimas, que está surgindo no Brasil.

Esses bichinhos domésticos, tanto quanto os humanos, sofrem também de insônia, pesadelos, ansiedade, medos, traumas e até “gravidez psicológica” e carecem de tratamentos específicos como psicologia e terapia comportamental dos animais, práticas diferentes do adestramento. Tal qual nos humanos, a longevidade pode manifestar também nos animais doenças senis, como é o caso do mal de Alzheimer.

A domesticação de animais é uma prática que se arrasta desde a pré-história contextualizada como uma relação ecológica do tipo esclavagismo, mas que vem sofrendo modificações em benefício e proteção dos animais. Abusos e maus-tratos contra esses companheiros configuram hoje como crime ambiental.

Nota do Editor: Dra. Greyce Lousana é médica veterinária, mestre em Neurociências e diretora do CIEC Invitare Saúde Animal (www.invitare.com.br).