"Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens..." (Belchior)
Na década de 70, Belchior já apontava o sentimento de impotência da juventude perante o mundo adulto e a sensação de que nada vai mudar. Se não há perspectiva de mudança e o mundo é esse de enorme disparidade social só resta a atitude de revolta ou a apatia. Em um mundo em que só é valorizado quem consome, quem não tem os meios para consumir está marginalizado. Daí a sensação de não pertencer. Os técnicos que trabalham com jovens em situação de risco apontam como um dos maiores fatores para o jovem cair na marginalidade é a sensação de não-pertencimento, a perda de laços, de vínculos afetivos e sociais. Portanto, toda atividade que favorece e fortalece a formação desses vínculos ajudam na prevenção contra as drogas e contra a marginalidade. Um dos motivos de vir morar em Ubatuba era a violência da região em que vivia. Todos os anos morriam assassinados mais de 600 jovens, na faixa dos 15 aos 25 anos de idade. Se queremos a transformação e acreditamos que um outro mundo é possível, é preciso remar contra a maré do individualismo e do consumismo. É preciso criar situações em que os jovens se encontrem com outros jovens e adultos em situações de alegria, de descontração, de discussão de valores e de criação de projetos coletivos. Na quarta-feira, 09 de março, reiniciamos uma nova fase do SARAU - Dia dos Novos, com o nome de FUNDART JOVEM. Os momentos que antecederam o evento eram de apreensão e de medo de não acontecer. A Paula, a outra coordenadora, que fazia a ponte com o grupo de artes cênicas não pode comparecer porque estava no Rio. Na frente, quase ninguém. De repente, do outro lado da rua ouviu-se um violão e via-se dois ou três jovens. Aos poucos, foram aparecendo mais alguns. A reunião foi na praça, em frente. O grupo era pequeno, mas aconchegante. Havia um clima de afeto, confiança e respeito. Logo depois surgiram os pais dos jovens que iam tocar... Discutiu-se um pouco sobre os objetivos da atividade. Foram-se alternando músicas, poesias, depoimentos... A falta de aparelhagem de som obrigou o grupo a ficar mais próximo. Apesar das dificuldades, o grupo decidiu passar de evento mensal para quinzenal. Faltava uma foto para registrar o acontecimento. De repente o Emilio Campi apareceu e salvou a cena. O próximo será no dia 24/03 às 20 horas. VENHA PARTICIPAR CONOSCO AJUDANDO A CONSTRUIR UM NOVO AMANHÃ
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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