São Paulo - Eles já deixaram os bancos escolares há muito tempo e agora o único contato que, geralmente, têm com este ambiente é na hora de levar e buscar o filho na escola e de participar das reuniões de pais. Muitas vezes, a própria escola não demonstra interesse por um maior envolvimento da família na rotina escolar. Se em muitos estabelecimentos de ensino, o pensamento é de que uma maior presença dos pais atrapalha, em muitas escolas acontece um movimento no sentido oposto - o de trazer cada vez mais os pais para perto da realidade escolar do filho.

Na Escola Viva, na Vila Olímpia, a participação dos pais é marcante na história da instituição. Criada há 32 anos, ela sempre incentivou o envolvimento das famílias nas atividades escolares. Seja organizando as festas ou criando projetos como o da casa da árvore, os pais estão sempre presentes. A casa de madeira é hoje o brinquedo preferido dos alunos, mas é também apreciada pelas famílias que sempre são convidadas a desfrutar do belo quintal da Escola Viva, que inclui muitas plantas e animais.

A escola também convida os pais, eventualmente, para participar de algum projeto em sala de aula. Eles vêm pra contar suas experiências, cantar ou até lanchar com as crianças. A idéia é tornar os pais, a cada dia, mais envolvidos com a proposta da escola e também mais participativos. De acordo com a diretora pedagógica da Escola Viva, Ignez Americano, o objetivo é transformar os pais em parceiros nesta grande tarefa que é educar. "Você não consegue educar um aluno com valores diferentes. A nossa proposta garante dois olhares em benefício da criança", afirma.

No Ponto Omega, Centro de Cuidados Infantis, no Jardim Europa, os pais têm lugar garantido na mesa do almoço. Esta foi a forma que a coordenadora da Escola, Maria Grupi, encontrou para aproximar os pais deste mundo particular dos filhos. Ela conta que as crianças ficam orgulhosas de ter o pai ou a mãe presente e de poder mostrá-los para os colegas. Já os pais, vivenciam um pouco do dia-a-dia dos filhos e do funcionamento da escola. "O relacionamento entre pais - escola melhorou muito depois desta abertura. Ficamos mais próximos. Os pais sempre têm esta fantasia sobre o que está acontecendo aqui dentro e ficam felizes com o que vêem", comenta.

A Escola Estilo de Aprender, no Alto da Lapa, aposta no triângulo pais - escola - aluno para desenvolver seu projeto pedagógico. "Costumo dizer que é um triângulo amoroso sem competitividade", brinca Marcelo Cunha Bueno, coordenador Pedagógico da escola. Todo mês a instituição organiza eventos culturais no final da tarde e convida pais e alunos a participarem. São apresentações musicais, leitura de histórias e até exposição dos trabalhos artísticos dos alunos. Mas os convites não param por aí. A Estilo de Aprender tenta atrair os pais para dentro da escola inclusive durante o período de aula. No início da manhã, no horário de almoço e no final da tarde, a escola abre suas portas para que pais e filhos possam usufruir deste espaço, seja lendo livros da biblioteca, jogando bola na quadra, brincando com massinhas, desenhando ou apreciando os trabalhos das crianças. "Fazemos questão de trazer os pais para dentro do universo escolar", enfatiza Marcelo Bueno, que não concorda com o conhecido formato definidor de papéis "escola educa, família cuida". "O pai costuma destinar à escola a responsabilidade da educação e a escola, por sua vez, distancia a criança de um contexto social. É preciso entender que quando o pai não entra na escola, o contexto familiar também não. Entra só o aluno, não o filho".

Marcelo explica que o ato de abrir as portas da Escola para os pais é importante para que a família conheça como a instituição pensa a educação e também como é o processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo, a escola também passa a entender melhores as expectativas dos pais. Segundo ele, o objetivo da Estilo de Aprender é ampliar ainda mais a oportunidade de participação da família no ambiente escolar, uma iniciativa que começou no ano passado e já vem garantindo ótimos resultados. "Os pais se envolvem muito e a relação que tinham com a escola mudou para melhor", comemora.