A competitividade e instabilidade do ambiente empresarial pressionam as empresas na busca de um desempenho superior cada vez mais difícil. O tema é abordado por pensadores e gestores que têm apostado no capital humano como criador de estratégias que levem ao sucesso nesse contexto complexo. Contudo, para implementar tais estratégias são necessários líderes, matéria-prima em escassez. Em paralelo, encontram-se as organizações não-governamentais, que enfrentam um momento especial no Brasil, demandando colaborações sofisticadas. Seria possível abordar esses desafios numa relação ganha-ganha? É consenso que para ampliar a produtividade das pessoas é preciso fazer com que estas sintam que colaboram para "algo maior". Bônus e recompensas financeiras por si só não trazem os resultados necessários no ambiente competitivo. Nesse sentido, é preciso salientar que existem empresas estimulando o trabalho voluntário como forma de colaborar no processo de realização dos funcionários. Os resultados iniciais são promissores, porém o trabalho voluntário realizado por executivos pode garantir mais à organização do que auxiliar seus colaboradores a ampliarem o significado de suas atuações. As ONGs oferecem uma oportunidade única de desenvolvimento de habilidades de liderança aos executivos. A inexistência da hierarquia formal da empresa, normalmente utilizada a serviço da autoridade; a escassez de recursos e intensidade de envolvimento emocional dos participantes exigem dos executivos-voluntários um novo modelo de liderança que se reforça pela confiança, envolvimento, respeito e conhecimento e não apenas por uma caixinha no organograma. Outro importante desafio é o do relacionamento com diferentes partes interessadas (governo, colaboradores, dirigentes, fornecedores) com interesses, muitas vezes, conflitantes. Entretanto, muitos executivos mantêm-se distantes de atividades voluntárias. Precisamos de um incremento para a participação de executivos-voluntários de forma estruturada. As empresas precisam deixar claro que apóiam tais iniciativas. Por outro lado, as organizações não-governamentais precisam estruturar a recepção e aproveitamento das competências disponibilizadas pelos executivos-voluntários, sob pena de não fidelizarem esses importantes parceiros e de fazê-los questionar a capacidade das ONGs como eficaz condutor dos recursos da sociedade. Aqueles que realmente acreditam na força do voluntariado e das habilidades de gestão procurem imediatamente uma forma de colaborar. A hora é essa! Nota do Editor: Maximiliano Selistre Carlomagno é administrador, consultor em Estratégia e Presidente do Conselho Deliberativo da SONG - ONG dedicada a qualificar as práticas de gestão de ONGs.
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