Com a aproximação do Carnaval ficamos com registros na memória apenas de cenas mais atuais de blocos e escolas de samba, ignorando o passado, os personagens e histórias que ficaram relegados a um cantinho da casa fechados em uma caixa de papelão. Vamos abri–la. Ivo de Oliveira, funcionário público, morador do Perequê fala dos primeiros ensaios que presenciou no Rancho do Galo no início da década de 60 com a permissão e participação de Stanislaw e sua companheira Sebastiana, proprietários, com a festa invadindo a madrugada movida por doses caprichadas. Era uma referência do Carnaval do bairro com a presença também do pessoal do centro da cidade. Sucesso da época? “Se a canoa não virar....”. Ivo ajuda a controlar público e os integrantes da bateria durante os desfiles para manter a ordem. Os blocos do Perequê tiveram início com Mestre Diogo, que ficou famoso pelo seu rigor com o controle dos instrumentos de bateria e horário: atraso e relaxamento não eram perdoados. O papel de Diogo foi fundamental para manter viva a chama da tradição do Carnaval, contando com apoio de uma gente da pesada que formava blocos como do Perequê, Rainha do Mar, Marinheiro (cores azul e branca) e Estrela Dalva. Só o entusiasmo de Diogo não seria suficiente para organizar uma brincadeira que era levada a sério. O time contava com ritmistas e integrantes dos blocos como Leopoldo, Domingos Roque, Dito Baiano, José Lourenço, Juanico Mateus, João Mapiá, Carlos e Hugo (Macuco), Macalé, Toninho etc. Dirceu Chagas era o abre–alas e Laurinda a porta–bandeira. O time feminino contava ainda com Bilanga, Carmem, Darcileia, Luiza e Loloca. “Os compositores tinham uma importância muito grande, mostravam um sentimento que invadia os blocos, espalhando alegria”, diz Romeu Euzébio, puxador das músicas, ritmista e um dos fundadores de blocos e escolas de samba. Fala com saudades de Paulo Bombom (pai do Totoca), Bidica, Graciano e uma pessoa especial, artesã e figura representativa da autêntica caiçara: Bastiana Arrepiada. Sim, ela compunha marchinhas para os blocos do Perequê. Outro detalhe dos desfiles: o bloco do Perequê seguia para o centro onde, na Av. Iperoig, encarava o bloco rival (do Miguel Argeu) com os dois se cruzando um dentro do outro, literalmente. Vencia o bloco que conseguisse manter a música e o ritmo. Um vinha com marcha o outro com samba. Dá pra imaginar a confusão. Romeu insiste em destacar o papel de Mestre Diogo “o verdadeiro pioneiro”, diz. Arcidão entra já na fase dos ensaios no Hotel Jangadeiro que tinha Roque como gerente e depois foi a vez do Zé Jangadeiro levar o pessoal para o Terminal Turístico Municipal. A evolução para os blocos Um grupo de amigos entre os quais Marcos Jacob e Celio Ricardo da Silva, em 1992 fundaram a primeira escola de samba do Perequê sob a presidência de Valdo Ribeiro da Silva. Na sequência vieram Edilberto Marcos de Godoi (1993), Valdo Ribeiro Silva (1994), José Miguel Montouro (Zé do Jangadeiro) (1995), Nelson Ferreira Meireles (1997) quando a escola foi bicampeã, e Edison Soler (1998). O último ano a desfilar como escola foi em 1998. No ano 2000, sob a presidência de Alexandre Magno da Silva, já como bloco e tendo como tema o Carnaval dos 500 anos, o Perequê desfilou como Bloco do Garça. Em 2003 e 2004 reassume Nelson Meireles e, em 2008, Alexandre Russo Lavras. O renascimento do Carnaval do Perequê é a proposta da nova diretoria do bloco para este ano que assumiu em junho de 2013. É a volta da festa de rua com marchinha eleita em festival, bateria e música ao vivo que vão para a avenida no domingo de Carnaval. Nelson Meireles é o presidente do bloco e o comando dos ensaios da bateria, realizados às terças e quintas no Terminal Turístico Municipal, cedido pela COMTUR, estão a cargo do músico Marcelo Machado, coordenador do “Projeto Guri”. A “Marcha do Pereca” foi a vencedora do concurso com letra de Paulo Motta e melodia de Maria Luiza e Ana Lúcia
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