A FAO já fez as contas. Em 2050, a Terra terá por volta de 9 bilhões de pessoas. Para alimentar essa população, será preciso elevar a produção de grãos em 1 bilhão de toneladas e a de carnes em 350 milhões. Isso dentro de 1,5 bilhão de hectares agricultáveis, de forma a preservar os ecossistemas remanescentes e sem agravar o efeito estufa. O desafio consiste em produzir mais, de forma sustentável, nas áreas que já temos à disposição. Relatório divulgado no dia 13 de fevereiro pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA) mostra que os transgênicos, desde sua introdução, em 1996, deram importante contribuição a esses objetivos. Se as 377 milhões de toneladas de grãos e fibras adicionais produzidas pelos organismos geneticamente modificados (OGM) em 17 anos de plantio (1996–2012) não fossem provenientes de plantas transgênicas, teria sido necessária uma área extra de 123 milhões de hectares (tamanho aproximado do estado do Pará). Além disso, os transgênicos evitaram o uso de 497 milhões de quilos de princípio ativo de defensivos químicos que seriam demandados por lavouras convencionais. As plantas tolerantes a herbicidas e resistentes a insetos racionalizaram a aplicação de produtos para o manejo dessas questões agronômicas. Desde que estão no mercado, os transgênicos tolerantes a herbicidas são alternativas para o produtor. Agrônomos são categóricos ao afirmar que quanto mais tecnologias estiverem disponíveis para a agricultura, mais competitiva será a produção. O agricultor, por sua vez, tem o manejo da lavoura mais facilitado e seguro. Dessa forma, apenas em 2012, os OGM evitaram a liberação de 26,7 bilhões de quilos de CO2 pela redução no consumo de óleo diesel no maquinário agrícola e, obviamente, trouxeram economia ao produtor e benefícios ambientais para toda sociedade. Vale ressaltar que a produção excedente de 377 milhões de toneladas foi conseguida apenas com a introdução de características relacionadas a resistência a pragas e a tolerância a herbicidas. No futuro, com o desenvolvimento de plantas GM que visam diretamente melhoras de produtividade, o potencial de contribuição da biotecnologia para a produção mais sustentável de alimentos será ainda maior. O Brasil, inclusive, é um dos países que investe nesta tecnologia. A Embrapa, assim como diversas instituições públicas e privadas de pesquisa e ensino, desenvolve novas variedades por meio da biotecnologia. Como o melhoramento genético convencional está restrito aos genes de cada espécie, a transgenia é uma alternativa viável na busca pela preservação do meio ambiente e pela produção de alimentos para todos nós. Nota do Editor: Anderson Galvão, engenheiro agrônomo, sócio–diretor da Céleres Consultoria, conselheiro do CIB e representante do ISAAA no Brasil.
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