Que papéis um centro cultural exerce para o desenvolvimento do povo de uma cidade? Sem dúvida, o primeiro papel é a inclusão social desse povo na cadeia produtiva da cultura, oferecendo condições para que todos - especialmente aqueles excluídos do consumo das artes - tenham acesso à inventividade artística das diversas manifestações culturais.

Em segundo lugar, a função de ancorar, em determinada região da cidade, um elenco de atividades não-comerciais, lúdicas, de circulação de bens simbólicos e com poder aglutinador de pessoas.

Esse aspecto se materializa quando o centro cultural captura pessoas para atividades outras de fruição estética ou mesmo de mera diversão desopilante, inaugurando e consolidando novos pólos de convivência nos intervalos de suas jornadas de trabalho ou estudo.

Outro papel importante é contribuir no processo de maturação profissional da classe artística, abrindo oportunidades para o artista apresentar seu trabalho de forma digna, em espaços adequados à construção do diálogo entre artista e público.

Para compartilhar arte de qualidade com os cidadãos, artista e centro cultural se empenham juntos nas fases de planejamento, realização e avaliação do trabalho, num processo de aprimoramento constante, que foge ao imediatismo comercial e só em longo prazo alcança resultados de excelência.

Ambos passam a atentar para práticas básicas e indispensáveis: planejamento do trabalho, estratégias de captação de recursos, oferecimento de visibilidade aos investidores, formas de acesso da comunidade ao produto ou evento cultural, mensuração do retorno das ações de comunicação, prestação de contas dos recursos investidos, análise do impacto social e até medição do nível de melhoria da qualidade de vida da comunidade onde estão inseridos.

Essa madureza profissional resulta também no amadurecimento artístico, e passa a influenciar na formação de platéias para o usufruto duradouro de bens simbólicos, até mesmo em outros equipamentos culturais da cidade.

Habituadas a apreciar as mais variadas modalidades de arte em centros culturais, principalmente naqueles com programação gratuita, pessoas de todas as faixas etárias e sócio-econômicas educam-se artisticamente, tornam-se esteticamente mais exigentes e amplificam seu desejo de apreender novos conhecimentos.

Em conseqüência disso, passam a escarafunchar não apenas outros estabelecimentos sem fins lucrativos, mas também a visitar teatros, cinemas, museus e similares do circuito comercial.

Cabe também aos centros culturais a identificação de iniciativas potencialmente exitosas, geradas pela própria comunidade, a fim de apoiá-las, estruturá-las e oferecê-las à coletividade, dando-lhes a visibilidade necessária e merecida.

São pessoas e grupos organizados da sociedade civil que realizam atividades culturais e artísticas de forma livre e espontânea, buscando o encolhimento do fosso cultural entre as classes sociais, mas estão colocadas à margem do consumo pelas forças inexoráveis das perversas regras do mercado.

Por fim, vale lembrar que as atividades oferecidas pelos centros culturais de reconhecida excelência são fundamentais para a escolha de uma cidade como destino turístico por parte de visitantes de mentalidade salutar e com elevado poder aquisitivo.

É justamente esse tipo de turista que interessa a uma cidade saudável, pois atrai fortuna simbólica e material, traduzida na injeção de disponibilidades cambiais e na vivência coletiva de uma cultura de paz.

Nota do Editor: Henilton Menezes é gerente do Centro Cultural Banco do Nordeste.