A cada Bienal, milhares de pessoas observam, curiosas, criações que em nada lembram a tradicional arte figurativa dos séculos passados. Instalações utilizam objetos do cotidiano e instigam o público a pensar e a questionar o que é arte. Para apreciar a arte contemporânea é preciso se desvencilhar dos padrões artísticos antigos. Uma tarefa muitas vezes difícil pra quem cresceu aprendendo que o "belo" é de uma determinada forma. A Escola de Educação Infantil Red Brick, na zona sul de São Paulo, tem a preocupação de abrir os horizontes de seus alunos quando o assunto é arte. Sob a coordenação da artista plástica Ana Teixeira, professores iniciam de uma forma diferente os pequenos aprendizes neste mundo de formas, cores e texturas. Nada de resumir a aula de educação artística a colar macarrão ou pintar desenhos já prontos. Cientes da importância das artes como fonte de conhecimento e de experimentação, os mestres capricham nas atividades que instigam os alunos a pensar e criar. Todos os dias, as crianças da Red Brick têm contato com atividades artísticas onde o principal objetivo é a construção da idéia, e não a técnica ou material utilizado. A experimentação artística pode acontecer usando simplesmente água em um conta-gotas e fazendo desenhos no chão para depois vê-los evaporar. "Quando a criança tem a oportunidade de trabalhar com situações onde pode criar, imaginar e tem material e contexto suficiente para isto, certamente terá um melhor desenvolvimento cognitivo e afetivo", comenta Ana Teixeira. Duas vezes por semana, as crianças têm aulas no ateliê. Ali, elas dão asas à imaginação e utilizam tintas, massinhas, lápis coloridos e outros materiais para darem forma a suas criações. Cabe aos professores fazer observações sobre o trabalho do aluno, auxiliando-o a avaliar o que esta produzindo e estimulando a imaginação e a sensibilidade da criança. "A idéia é propiciar aos alunos experiências sensíveis de mundo através de atividades artísticas", explica. Ana acrescenta que é importante que a criança perceba que um desenho não é apenas aquele feito em papel. "Queremos mostrar para o aluno que ao fazer o caminho da sala de aula até o pátio, por exemplo, ele faz um desenho ou ao provar uma jabuticaba, ele sente o desenho da fruta na boca. Arte é mais do que representação". Para realizar este trabalho, a Red Brick investe na formação cultural dos professores, que buscam desenvolver um olhar mais amplo sobre o mundo indo a museus, exposições, lendo e se informando. "São estas viagens no campo do conhecimento e da cultura que vão fazer a diferença na hora de ensinar. Se não houver esta disposição, muitas coisas vão passar despercebidas e isto já é menos para o aluno", afirma. Para auxiliar no aprendizado, a garotada é encorajada não só a produzir obras, mas também a apreciá-las. Em um dos projetos da escola, o Sábado Curioso, pais e alunos são convidados a participar de passeios culturais. A proposta é fazer visitas a lugares onde as famílias não estão acostumadas a ir, com a monitoria de um profissional especializado em artes. As Mostras de Arte Contemporânea encabeçam a lista de preferências da escola. "Gosto de levar as famílias nestas Mostras porque geralmente existe mais resistência dos pais para este tipo de arte" explica Ana Teixeira. Além da apreciação das obras, todo visitante tem que cumprir uma tarefa. Esta foi a forma que Ana Teixeira encontrou para manter o interesse da turma em alta. "Tentamos cutucar a imaginação da criança para ela entrar no jogo. Às vezes damos para cada uma delas um pequeno pedaço da imagem de uma obra, para que a localizem na galeria, ou então brincamos de "Adivinha", jogo em que os alunos precisam descobrir qual trabalho tem um detalhe específico. Os pais ajudam os filhos a buscarem a obra e juntos eles cumprem o desafio e se divertem bastante", conta Ana. O projeto é considerado um sucesso pela escola, que em alguns passeios, já contabilizou mais de 80 participantes.
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