Muito tem se falado sobre os benefícios da Yôga em dias acelerados como os nossos. O termo significa "união" em sânscrito e a técnica milenar, proveniente da Índia, busca a integração do ser humano com uma consciência espiritual mais elevada. Ou seja, busca tratar das necessidades do corpo, do espírito e da mente. Mas o que tudo isso tem a ver com o inquieto universo da Educação Infantil. Muito, segundo experiência da professora Tathy Morselli, da escola Red Brick, localizada na zona sul da Capital. Adepta dessa prática milenar, Tathy resolveu introduzi-la no cotidiano de seus alunos que estão em fase alfabetização. Os benefícios logo foram percebidos pela professora. Confira seu relato: "Sou praticante de Swástia Yôga a menos de um ano, mas posso dizer que estou apaixonada pela prática. Eu já conhecia um pouco sobre Hinduismo, Budismo e várias questões da Índia, suas tradições e crenças. Sem dúvida, a Índia sempre exerceu sobre mim uma fascinação, talvez por seu mistério e distância do mundo ocidental. Partir para a prática, porém aconteceu num momento de stress pessoal - que nesse aspecto foi muito benéfico. Como diz o Mestre DeRose: faça Yôga antes que você precise. E eu precisei. Posso dizer que eu cresci muito e novas idéias se abriram. Sou professora de educação infantil e cuido de uma turma de sete alunos que estão sendo alfabetizados. Dividimos duas horas de nossos dias juntos e percebi que eles ficavam cansados ou mesmo, arredios a propostas mais trabalhosas. A Yôga e seus benefícios foram me influenciando mais e mais, então decidi que talvez essa prática fosse tão enriquecedora para meus alunos como foi para mim. Então, curtos momentos de prática de Yôga passaram a fazer parte de nossa rotina. Sem dúvida, para as crianças essa foi uma idéia estimulante: eles tinham a chance de lidar com seus corpos e pensar naqueles desafios corporais em um momento que não suas aulas de Educação Física ou as brincadeiras no parque. A cada semana, a turma parece mais disposta a mostrar o que já conseguem fazer com seus corpos, ou seja, o quanto deles já conhecem. E se ainda não conhecem, mostraram que podem rir de si mesmos, tentando mais uma vez com um sorriso no rosto. Ásanas com nomes de bichos ou objetos fazem a alegria do grupo. A Ponte, a Águia, a Cobra e o Foguete são extremamente populares e seu desenvolvimento convida as crianças a tentar por mais tempo e pensar em novos movimentos para seus corpos - mesmo quando brincam entre si. Passam pelas fotos de ásanas que ficam no quadro da classe e os imitam em frente ao espelho. Os exercícios de respiração também mostram-se muito eficientes ao ajudar os alunos a se concentrarem e acalmarem seus corpos e mentes. A turma parece mais disposta e estimulada a fazer seus trabalhos e a brincar. No último mês introduzi a meditação. Eu já sabia que seria muito difícil para crianças tão pequenas aquietar suas mentes por longos períodos de tempo, mas acreditei que poderiam fazê-lo nem que por um curtíssimo período. Fiz propostas de escutar músicas e imaginar cores (pujas) durante esses momentos e para minha surpresa minha turma conseguiu aquietar suas mentes - em padmasana (posição de lótus) - por cerca de dois minutos. Senti-me extremamente orgulhosa dos pequenos: por sua vontade de seguir com a proposta e por seu empenho em realizá-la. Em muitas revistas e até em livros conheci e vi experiências de Yôga para as crianças, mas poder vivenciá-la com meus alunos, mesmo não sendo instrutora de Yôga, trouxe-me uma perspectiva além da prática para crianças. Pude testemunhar a mudança na disposição e na vontade de crianças pequenas motivadas por alguns desafios corporais. É extremamente compensador poder assistir aos meus alunos em suas curtas - porém proveitosas meditações - e ver a satisfação de cada um em mostrar a realização de um novo ásana... De um novo bicho ou objeto. Quem sabe aos poucos possamos aumentar nossos momentos de prática, crescendo juntos e aprendendo coisas tão importantes quanto aprendemos na educação formal: equilíbrio, concentração e bom humor!"
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