O café, produto nobre do agronegócio e da pauta de exportações do Brasil vem assumindo importância cada vez maior como alimento capaz de incrementar a saúde e qualidade de vida de toda humanidade. Pesquisas científicas realizadas no Brasil, Estados Unidos, Japão e Europa vêm mostrando que o café possui propriedades medicinais importantes. Além disso, são poucas as pessoas que sabem que o produto é mais rico em minerais que bebidas isotônicas e que contém nutrientes importantes para a saúde. A importância do café na saúde, aliás, é um dos temas a serem discutidos durante o IV Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, promovido pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, por meio de sua Unidade Embrapa Café, de 2 a 5 de maio, na cidade de Londrina, Paraná. O tema será apresentado no painel "Café e Saúde", onde serão realizadas as palestras "Café e Coração" e "Café na Saúde dos Jovens", e serão apresentadas, respectivamente, pelo cardiologista Mário Camargo Maranhão, do Instituto do Coração (Incor) e pelo neurologista Darcy Lima, professor de Farmacologia Clínica e História da Medicina, Instituto de Neurologia Delindo Couto, Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Ambos são criadores do Projeto Café e Coração adotado pelo Incor). A ciência está desmistificando a fama do café como uma planta psicotrópica (efeito associado à presença de cafeína) - diz Roberto Passarinho, gerente adjunto técnico da Embrapa Café, ao considerar o simpósio de Londrina, como o fórum ideal para discutir o assunto. Segundo ele, a idéia antiga de que o café era composto apenas de cafeína é responsável por este preconceito de que a bebida é nociva à saúde, como excitante e causador de dependência. Hoje os pesquisadores sabem que, administrado em doses moderadas (3 a 4 xícaras de café por dia), a cafeína não oferece risco à saúde humana. Estudos realizados nas últimas duas décadas mostram que a cafeína estimula naturalmente a atenção, a concentração, a memória e o aprendizado escolar. Pesquisas recentes mostram também que os ácidos clorogênicos e serotoninas, substâncias presentes no café, após a torrefação, possuem relevantes efeitos antioxidantes, que podem prevenir males como as doenças cardiovasculares, câncer de cólon e outros. Mas o que realmente está surpreendendo os cientistas é o fato de que estas substâncias atuam no sistema nervoso central, modulando o estado de humor e, desta forma, prevenindo a ocorrência da depressão e suas conseqüências (tabagismo, alcoolismo, consumo de drogas e suicídio). Devido à importância do tema, a Embrapa Café criou, com a participação do CNPq, o Núcleo de Pesquisa de Café & Saúde, do qual fazem parte médicos, nutricionistas, psicólogos, engenheiros de alimentos, biólogos, que estudam os efeitos da ingestão de café. Este ano, por exemplo, serão desenvolvidos trabalhos de pesquisa para avaliar o efeito dos componentes no organismo e avaliação quantitativa e qualitativa do consumo de café no aprendizado escolar.
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