O Sistema Financeiro Brasileiro é considerado um dos mais perversos do mundo em relação às altas taxas de juros cobrados, apesar dos reclamos da sociedade. O Judiciário está abarrotado de ações nas quais se pleiteiam a revisão das taxas de juros, capitalização, encargos indevidos etc., pois ali é o único lugar onde se pode solicitar justiça, no sentido de reparação dos danos causados. Os juízes de primeiro grau, costumeiramente, se mostram sensibilizados com os abusos praticados pela rede bancária, tanto é que inúmeras são as decisões determinando o recálculo das dívidas, bem como a devolução dos valores cobrados a maior. Apesar de tanto esforço e dedicação dos advogados militantes na área, se percebe claramente que os bancos não perdem jamais, e para tanto, como noticiado hoje, o Unibanco manda o seu super jato até Brasília, "paraíso das estrelas", para levar para um seminário promovido pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras, na Ilha de Comandatuba, Ministros do Superior Tribunal de Justiça e o Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Nelson Jobim, para passar alguns dias nesse paradisíaco local e os traz de volta no mesmo avião. É aí se pergunta: Depois de tanta cortesia, poderão os Senhores Ministros fazerem Justiça? Depois de tanta cortesia se pode afirmar que o Judiciário é independente? Depois de tanto agrado, será a Súmula Vinculante uma medida séria? Será que depois de tanto ouvir em prol dos bancos o STJ e o STF poderão julgar com independência? Será que os Senhores Ministros não se sentem constrangidos em receber tantos favores? Essas perguntas ficarão no ar e só o tempo irá respondê-las. O fato é que me sinto envergonhado diante da falta de respeito desses Ministros para com a sociedade que em última análise é quem lhes paga o salário. Estranho a Ordem dos Advogados ficar silente, pois ela é a responsável pelo respeito devido à sociedade e aos advogados em geral. Tenho saudades dos velhos tempos onde havia independência entre os Poderes, sobretudo no Judiciário. Nota do Editor: Clóvis Maluf é advogado em São Paulo.
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