A instabilidade política e econômica brasileira, ocasionada, entre outros fatores, pelo decorrer da Operação Lava Jato, que trouxe à tona fortes indícios de corrupção dentro Petrobras e um elaborado esquema de pagamento de propina pelas grandes empreiteiras do país, tem impactado diretamente o ambiente de negócio nos mais diversos setores empresariais. Soma-se a esse cenário o pessimismo generalizado com relação ao futuro, ao se considerar variáveis importantes como o PIB, a inflação, a taxa Selic e a valorização do dólar e, assim, está elaborada uma receita quase fúnebre para a indústria brasileira. Companhias de pequeno e médio portes, que possivelmente não saibam quantificar ou qualificar a gravidade do atual cenário, entendem não ser de todo possível repassar aumentos nas contas de água, luz, IPTU – especialmente na cidade de São Paulo – ou no custo dos produtos, mercadorias, serviços para seus clientes ou consumidores finais. Para esses empreendimentos, que representam grande parte da classe empresarial do país, o desenvolvimento dos negócios se torna ainda mais difícil com a política adotada por diversas instituições financeiras. No intuito de restringir a liberação do crédito, muitas passaram a exigir que as empresas-clientes possuam um faturamento mínimo bastante elevado, algo pouco comum diante do ambiente econômico atual. Recentemente, entretanto, uma sinalização do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode servir como um possível alento a esses empreendimentos. O novo ministro indicou o desenho de um novo modelo de financiamento, que contaria papel relevante do BNDES no acesso ao crédito para empresas de menor porte. Caso seja realmente confirmado, o novo modelo terá impacto extremamente positivo, uma vez que, atualmente, pequenas e médias empresas são naturalmente ‘direcionadas’ para factorings ou, em casos extremos, levadas a pedir Recuperação Judicial, medida cuja eficácia é, no mínimo, dúbia, ao se considerar o percentual de empresas que consegue sair do processo e eliminar a crise. Vale ressaltar que, ainda que a sinalização de Joaquim Levy se concretize e que outras mudanças de cunho político e, principalmente, econômico, ocorram, essas serão realmente sentidas e revertidas em resultado somente no médio e longo prazo. Até lá, cabe ao empresário fazer a lição de casa. Motivar corretamente a força de vendas, projetar um fluxo de caixa de, no mínimo, seis meses, e implementar uma estratégia de gestão de custos são ações fundamentais para garantir a sobrevida e longevidade do negócio. O pedido de Recuperação Judicial deve ser visto apenas como recurso final, caso as estratégias anteriores não sejam suficientes para manter o negócio. Antes de chegar nessa última saída, o empresário também pode levar em consideração a busca de auxílio de consultores capazes de auxiliar na obtenção de novas linhas de crédito, na elaboração do plano e das projeções financeiras, além de intermediar a negociação com credores. E no eventual pedido de Recuperação, esse mesmo profissional poderá conduzir o processo, liberando o gestor para cuidar exclusivamente da parte operacional do negócio, à espera da retomada do desenvolvimento como a luz no fim do túnel. Nota do Editor: Benjamin Yung é especialista no segmento de reestruturação financeira e fundador da consultoria Estratégias Empresariais que, em 2014, completa 40 anos de atuação no setor.
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