Eis o velho Casarão do Porto
Nau encalhada na areia
Perto da boca da barra
Berço da cidade praiana.
Aqui, do alto de suas varandas
Vê-se o horizonte, o Atlântico
Mar sem fim, lusitano
De glórias e de lágrimas
No mundo já esquecidas.
Ando nestes vastos aposentos
De largas paredes de taipa
Cheios de luz e de brisa marinha
E há neles e há em mim
O vazio terrível e inefável.
Não há esperança a vista
Ninguém chega, ninguém parte
Não há porto, não há saudade.
Sem alma, o Casarão tornou-se
Um corpo ressequido
Adiando o seu ocaso.
Eis o velho Casarão do Porto
Atrativo turístico da cidade
Símbolo estéril do passado
Nau solitária e encalhada
Neste eterno presente
O tempo da modernidade.