Nos últimos anos, o Brasil destacou-se pelo incremento da balança comercial, graças ao desenvolvimento das exportações. Dados da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX) do Governo apontam que, até a terceira semana de abril, o saldo de 2005 da balança chegou a US$ 10,6 bilhões. Diversos setores tiveram crescimento expressivo, aumentando sua produção e movimentando mais dólares no agitado mercado exportador. Fruto de uma política concentrada na área? Talvez. Entretanto, essa política ainda é deficitária e nossa capacidade de escoamento está perto do limite. Para não comprometer a participação do Brasil no cenário internacional, é hora de o Governo Federal começar a corrigir antigos problemas. E considerar as cooperativas como possíveis soluções. O primeiro desses problemas (e o de maior peso) é a infra-estrutura arcaica e pouco eficaz do país, o que demanda um esforço sobre-humano para se alcançar os atuais números de exportações. As estradas estão em péssimo estado de conservação, e isso não é um desafio atual. Faz muito tempo que os governos abandonaram as nossas rodovias à própria sorte. Fora deste contexto, estão as estradas privatizadas que, ainda que muito bem conservadas, praticam preços abusivos de pedágio. Sem citar o alto custo de combustíveis e pneus, que acaba por tornar ainda mais oneroso o transporte de cargas. Aliás, com a capacidade físico-geográfica de instalação de ferrovias e hidrovias que possuímos no Brasil, é estrondosa a pouca atenção que se dá a esses meios de transporte de cargas. Pouco se investe, pouco se projeta. Os portos estão no limite de sua capacidade de trabalho. Os modernos navios de frotas intercontinentais, assim como alguns nacionais, já não encontram facilidade em atracar, porque os projetos portuários de engenharia e instalações estão defasados. Pintado o quadro, pode-se chegar à conclusão de que estamos à beira de um colapso. Cresce a produção e a demanda para exportações, mas temos também, em contrapartida, problemas de escoamento. Assim, corremos o risco de perder uma grande oportunidade, a de consolidar o Brasil como um grande país exportador. Outras perguntas precisam ser respondidas: como andam os investimentos no setor produtivo? Onde estão as parcerias público-privadas (PPPs)? Ora, se observarmos o cenário com critério e trouxermos para a mesma "prancheta" o sistema cooperativista, ambas as matrizes se encaixarão com uma perfeição incrivelmente oportuna. Nesse aspecto, o cooperativismo cumprirá o seu papel fundamental no desenvolvimento e ampliará ainda mais sua participação no PIB. Como fazer essa "mistura" dar certo? Temos uma capacidade de criação e implantação de sociedades cooperativas que supririam de forma inteligente todas as etapas e os processos necessários para aprimorar o escoamento de produção: desde a concepção e a implantação de cooperativas de trabalho e produção, o que incrementaria o volume para exportações e reduziria o custo de encargos e impostos; passando pelas sociedades cooperativas de transporte de cargas, iniciativa que poderia viabilizar as ferrovias e hidrovias, reduzindo fretes e outros custos indiretos; até a administração portuária, através da gestão de exportações, controlada por cooperativas de exportadores dos mais diversos mercados produtivos e de negócios. Para muitos, a idéia pode parecer utópica, mas é praticada há muito tempo em diversos países da Europa, por exemplo. Por que não aqui, se temos todos os instrumentos necessários para consolidar o Brasil como um país exportador? Um simples passo do governo, o de abrir mercado para que as sociedades cooperativas possam assumir tais projetos, seria o suficiente para colhermos, em curto prazo, bons resultados desta inteligente e exeqüível parceria Público-Privada. Nota do Editor: Daniel Augusto Maddalena é consultor especializado em cooperativismo.
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