Ó canoeira do remo de guacá! Ligeira e forte, vai pra longe, pro mar, vai ver a rede, se está cheia ou vazia, vai ver a aurora no dourado da ria. Leva a canoa, leva a cuia e um só remo, canoa-cepo de timbuiva-açu, louro, ingá, cedro ou guapuruvu. Sai do remanso, para o longe do mar, só Deus e ela, ao gosto do dia, na manhã vermelha, na tarde já fria. Ó canoeira, namorada do sol, dona da rede, do remo, do anzol, que bem conhece os perigos das rochas, da correnteza, da luz como tochas. Pele curtida, cabelos ao vento, olhar risonho, sem ressentimento. O corpo forte, pequeno, treinado, pois mar é mestre, é conto, é reinado! Ó canoeira do remo de guacá, que rema o dia, daqui para lá. Sempre é preciso ser dona do mar, pra viver bem, pra morrer, para amar as belas águas, os contornos e as ilhas desta grande serra, que ama suas filhas.
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