Equipamento permite compartilhamento da ambientação local, captada por câmeras e microfones em estéreo, e a adição de informações complementares, de acordo com o perfil do usuário
Ver e ouvir a mesma coisa que outra pessoa, estando a quilômetros de distância. Olhar para um objeto e receber instantaneamente informações sobre ele. Estas propriedades são exemplos dos conceitos de simbiose digital e realidade aumentada, respectivamente, e fazem parte do projeto de doutoramento do pesquisador Glauco Todesco, da Escola Politécnica (Poli) da USP. Em julho, o pesquisador deve concluir um protótipo que possibilite este tipo de interação, na defesa de seu estudo. Um capacete é encarregado de captar imagens e sons, por meio de duas câmeras e dois microfones em estéreo, que são processados em um laptop nas costas do usuário. Óculos especiais acrescentam informações àquilo que é projetado em suas lentes, como em uma tela de computador. Por transmissão sem fio, os dados são enviados a uma central, que pode compartilhar a ambientação local com outros espectadores, tanto em computadores convencionais quanto em ambientes imersivos, como uma Caverna Digital. Além disso, imagens, vídeos, textos e voz podem ser trocados entre todos os participantes, proporcionando uma enorme interação. Todesco afirma ainda que pretende estudar a possibilidade de adicionar mais uma ou duas câmeras ao sistema, dotando-o de uma visão panorâmica. Segundo ele, o conceito de simbiose digital, no sentido de se criar uma consciência coletiva pelo compartilhamento de faculdades, é uma abordagem inédita. "Nós podemos pensar em inúmeras aplicações deste tipo de cooperação, inclusive em entretenimento". As utilidades para este sistema são diversas, tanto que já há interesse por parte da Petrobrás no equipamento, desde que, quando finalizado, atenda a alguns requisitos de preço e usabilidade. "Ele pode reduzir custos e proporcionar maior segurança na manutenção e inspeção em plataformas de alto-mar", afirma Todesco. O uso do aparelho evitaria que técnicos de alta qualificação realizassem deslocamentos desnecessários a estes locais de trabalho, de acesso difícil e caro. Deste modo, o serviço poderia ser realizado por funcionários que já estão no local, sob a supervisão e orientação, em tempo real, de profissionais especializados. Assim, uma mesma pessoa pode prestar serviços a várias plataformas em um período de tempo inviável sem o uso do equipamento. Demonstração Apesar deste uso comercial do conjunto, Todesco vislumbra muitas outras aplicações, como a demonstração que pretende elaborar em seu doutorado. A idéia é programar o sistema para ambientes de televisita, como a um museu. As pessoas conectadas ao sistema compartilhariam o ambiente, manteriam comunicação entre si e desfrutariam de recursos de realidade aumentada. "Ao olhar para uma obra, por exemplo, diversas informações relacionadas a ela seriam projetadas na tela dos óculos do usuário local e apresentadas a todos os outros participantes." O sistema poderia também ser configurado para vários tipos de espectadores. "As informações seriam adaptadas ao público. Um professor teria acesso a um conteúdo diferente do destinado a uma criança." O estudo foi realizado no Laboratório de Sistemas Integrados (LSI), sob a orientação do professor Marcelo Zuffo. A empresa Absolut Technologies mantém uma parceria com o laboratório e contribuiu na interlocução com a Petrobrás.
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