A maioria de nós não é diretamente afetada pela variação cambial, embora, indiretamente ninguém escape, já que a economia interna, não só do Brasil, mas de qualquer país, sofre os efeitos positivos ou negativos dessa variação. Diz-se que uma transação comercial só é boa, quando é boa para ambas as partes. A economia ideal, ainda que utópica, seria aquela que alcançasse o mais absoluto equilíbrio, onde não houvesse variação entre oferta e demanda, e todas as pessoas ganhassem o suficiente para viver dignamente. Da forma como o mundo está economicamente organizado isso é impossível. Porém, nada é absolutamente ruim para todo o mundo. Por exemplo, quando o indivíduo se veste a rigor para ser padrinho de casamento e, ao sair, é enlameado por um carro que passa sobre a poça d’água, isto é péssimo para ele, mas muito bom para o tintureiro. Com a variação cambial a situação é a mesma. Dólar em baixa é muito bom para quem importa, viaja ao exterior, tem dívida em dólares, quer investir no exterior ou compram a moeda especulando neste mercado. Porém, é muito ruim para os exportadores, receptivo de turismo internacional, investidores internacionais que querem investir no Brasil e para quem tem créditos em dólares e para quem precisa vender a moeda. Com o mercado globalizado não existem mais ilhas econômicas, assim como o Brasil procurou se manter durante o período da ditadura militar. Hoje, todos são forçados a participar do grande jogo do comércio internacional. Por isso, os mais fortes, que têm grande poder de barganha, aliado à tecnologia de ponta, ditam as regras do jogo. Países economicamente mais fracos, sem tecnologia, se vêem obrigados a dançar conforme a música. O Brasil, embora sofra desses males, pode ser considerado quase uma exceção à regra. Por uma simples razão: tem abundantes reservas de recursos naturais e vasto território com terras de alta produtividade. A Europa, por sua vez, mesmo não dispondo de muita terra, tem tecnologia de ponta em praticamente todas as áreas de atividade. Os países que a compõem têm, nas administrações públicas, um nível organizacional acima da média. E assim se fortalece a cada dia, vendo o Euro crescer frente ao dólar, a ponto de alguns países já estarem preferindo-o, como moeda corrente para seus negócios internacionais. O dólar em baixa é bom ou é ruim? Depende de onde se está inserido neste contexto. Nota do Editor: Francisco Carlos Júlio Pinghera é presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto.
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