Quatro doenças, um único mosquito. O Aedes aegypti é o principal inimigo, no momento, da saúde pública brasileira. Ele transmite a dengue, chikungunya, zika vírus e, em áreas silvestres, a febre amarela. Com o período de calor e chuvas, a tendência é de maior proliferação do vetor e, como já sabemos, 80% dos focos do mosquito estão no interior das residências. A hora, portanto, é agora. Debelar todos os possíveis criadouros do Aedes é a única maneira de enfrentar o problema. Mais do que nunca, poder público e sociedade civil devem caminhar juntos no campo de batalha para enfrentar a guerra contra o mosquito. Em São Paulo, Estado e municípios fizeram, nos últimos anos, o melhor que puderam para combater a dengue. Mas “o melhor” ainda não foi o suficiente. Então chegou a hora de multiplicar esforços, inovar, partir pra cima e virar o jogo o quanto antes. O governo do Estado de São Paulo colocou em execução o Plano Estadual de Combate às Arboviroses, que envolve 12 secretarias estaduais, sob comando da Saúde. Uma Sala de Comando e Controle foi montada na capital paulista para monitorar a presença do Aedes aegypti no Estado e a evolução dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito. A força-tarefa reúne a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, Defesa Civil e Exército. A partir dos próximos dias, até mil policiais militares irão promover mutirões contra o Aedes pelo Estado, inicialmente em 20 municípios considerados prioritários segundo critérios de infestação e transmissibilidade. Os homens da PM irão atuar em seus horários de folga, e serão remunerados com base na Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem). O investimento será de R$ 15 milhões, durante três meses, com recursos pagos pela Secretaria de Estado da Saúde. A exemplo de 2015, a Sucen terá o seu número de agentes duplicado, para apoiar os municípios paulistas no trabalho campal de combate ao mosquito. Uma grande campanha de mídia já está no ar para alertar a população. Neste sábado, 30 de janeiro, cerca de 300 municípios paulistas fizeram, em parceria com o Estado, verdadeiros mutirões contra o Aedes. As ações, programadas pela Sala de Comando e Controle, incluem a varredura de focos do mosquito em imóveis públicos, privados e baldios, com eliminação de criadouros, remoção mecânica, tratamento químico (quando necessário), bem como a difusão de orientações à população. O governo paulista vem envolvendo a iniciativa privada e líderes religiosos de todo o Estado para disseminar a importância do combate ao mosquito transmissor das arboviroses. A proposta é disponibilizar materiais com informações sobre prevenção às empresas e envolver lideranças de diferentes religiões para elas mobilizem suas respectivas comunidades em ações de combate e controle do vetor. Haverá, ainda, a participação da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, que irá promover ações em universidades do Estado de São Paulo visando à conscientização sobre a importância do combate ao Aedes. Um hotsite permitirá que a população possa denunciar rapidamente pontos que há evidências da presença do Aedes. As denúncias serão direcionadas aos gestores das 645 cidades paulistas para que os municípios providenciem ações de eliminação e bloqueio de criadouros nesses locais. Com soluções contínuas, inovação e ousadia vamos vencer a guerra contra o inimigo número um da saúde pública. Contamos com a ajuda de todos, juntos contra o Aedes, em nosso estado. Nota do Editor: David Uip, médico infectologista, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
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