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Religião
07/08/2016 - 07h29
Vamos a Belém
Alberto Taveira Corrêa
 

Estamos próximos do Congresso Eucarístico Nacional, que será realizado em Belém (PA), de 15 a 21 de agosto, e voltamos os olhos para a partilha da vida, do pão e da Eucaristia, nascidos do mistério do Altar.

Da mesma forma com que ressoou o convite ao VI Congresso Eucarístico Nacional, aqui realizado em 1953, desejamos que o Brasil inteiro repita conosco: “Vamos a Belém, para ver o que aconteceu, segundo o Senhor nos comunicou” (Lc 2, 15). Com a contribuição do Monsenhor Raimundo Possidônio Carrera da Mata, nosso texto base do XVII Congresso Eucarístico Nacional uniu o sentido da palavra Belém (Casa do Pão) com nossa história e nossas raízes amazônicas, cujas linhas gerais inspiram o que agora apresentamos.

“Deus viu que a Amazônia era boa”. Uma liberdade poética para aplicar à nossa região o que o livro do Gênesis registra ao falar da obra criada por Deus: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). A Amazônia é obra de Deus criador e providente, que quis presentear-nos com um pedaço do Paraíso e fez de nossos povos os depositários de uma grande missão: cuidar de sua obra maravilhosa. No centro desta criação está o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, como sujeito e protagonista de sua história (Gn 1, 27-31; 2, 7-25).

A missão da Igreja de anunciar o Reino de Deus no meio destas populações, teve e tem sentido, porque o Evangelho pode enriquecer e plenificar a história, a cultura e a vida dos povos amazônicos. Nesses quatrocentos anos de presença na Amazônia, “proclamando a Boa Nova aos Pobres” (Lc 4, 18), entre luzes e sombras, alegrias e esperanças, a Igreja se encarnou no meio desta realidade, armou sua tenda nos confins de nossos rios e igarapés, estradas e vicinais, cidades e vilas, malocas e tapiris, realizando uma evangelização libertadora que tem como centro Jesus Cristo, nossa esperança e nossa salvação.

A presença da Igreja na Amazônia é um processo histórico que se desenvolveu dentro de um contexto que condicionou profundamente sua caminhada. Contudo os enquadramentos históricos de modo algum impediram que a mensagem do Evangelho fosse anunciada e a Igreja deixasse de realizar sua missão. Todo esse amálgama de expressões religiosas diversificadas está sintetizado de modo extraordinário no Círio de Nazaré, desde a história do achado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré por um caboclo chamado Plácido, em 1700, e do Círio, iniciado em 1793, até as recentes manifestações.

Podemos afirmar que, ao longo dessa história, foi configurado o rosto do povo amazônida, com características culturais e religiosas próprias. Hoje podemos falar de vários outros rostos, de várias “Amazônias” e de vários amazônidas, o que se torna um dos maiores desafios para a missão da Igreja. E nesta Amazônia, onde estamos como “Belém do Pará”, voltamos os olhos do coração para aprender a partir da “Belém de Judá”. Aquele que um dia viria a dizer “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 48), nasceu na Casa do Pão! O pão, “fruto da terra e do trabalho humano”, terá na vida de Jesus e do povo que Ele vai constituir, um particular significado. A Eucaristia torna-se assim a mais bela expressão da presença amorosa, celebrada todos os dias, especialmente no dia do Senhor, como memorial e realidade viva dessa presença no meio de nós.

De fato, no meio desses povos, os missionários perceberam a beleza de viver em harmonia com a natureza criada por Deus e que eles tão bem sabem cuidar. Os povos indígenas acolheram a mensagem e incorporaram ao seu patrimônio de vida os valores do evangelho que já viviam nessas terras.

Somos convidados a perceber e a compreender que a Amazônia tem muito a oferecer a todos aqueles que conosco vem partilhar deste jubileu de quatrocentos anos. É urgente abrir novos horizontes para um novo jeito de viver, numa sociedade alternativa e sustentável. O modo de vida dos povos da Amazônia pode ser um contraponto para uma reflexão sobre o novo caminho para o Brasil e para a humanidade. É preciso valorizar as pessoas e revelar-lhes o amor e a ternura de Deus para com toda a criatura humana, promover a cultura do encontro, ajudando a descobrir a beleza da fé cristã e da vida fraterna em uma comunidade, numa festa religiosa popular, como também e, principalmente, na celebração eucarística.

Jesus Cristo, ao nos dar o Pão da vida, sendo Ele mesmo esse Pão, nos impulsiona a uma vida de comunhão fraterna, que nos faz olhar para mais longe de nossos parcos horizontes e limitadas fronteiras. A Eucaristia tornar-se-á o alimento de todos para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10). O XVII Congresso Eucarístico Nacional, a ser realizado na Arquidiocese de Belém – Casa do Pão, quer ser para todas as pessoas que o celebrarem conosco, a festa da partilha do Pão da Vida, que é Jesus, a fim de que daqui brote a vida nova, nascida do Altar, para nossa Pátria.


Nota do Editor: Dom Alberto Taveira Corrêa é Arcebispo Metropolitano de Belém (PA) e autor do “Retiro Popular Quaresmal”, publicado, anualmente, pela Editora Canção Nova.

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