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SEÇÃO
Educação
26/09/2016 - 05h56
Novo Ensino Médio: veneno ou remédio?
Marco Gregori
 

O Governo Temer lançou a maior mudança na educação básica das últimas décadas. Ele visa reformar o que todos já sabiam: o modelo educacional brasileiro, principalmente no que se refere ao Ensino Médio, está falido e não tem utilidade prática para a sociedade.

Podemos discorrer muito sobre os dados que mostram que a educação brasileira está entre as piores dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Quase todos os relatórios e índices que mensuram qualidade educacional, desde os internacionais PISA e OCDE, até os dados nacionais recentes do SAEB e Ideb, mostram que a educação brasileira não atende padrões de qualidade que preparem indivíduos que possam sobreviver aos desafios da presente era. Para piorar o cenário, enfrentamos a maior crise econômica da história do país, o que compõe um quadro de verdadeiro desespero, uma vez que faltam recursos e gestão para promover as mudanças necessárias com eficiência.

Ao ver as medidas anunciadas, tive uma reação de surpresa, perplexidade e ao mesmo tempo alívio e esperança. Pelo lado positivo, as reformas apontam mudanças que muitos já colocavam como necessárias para iniciar o processo de melhora. Saliento a flexibilização do currículo, com as áreas opcionais de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e o ensino técnico. Certamente dá mais opção aos alunos para escolhas que lhe interessam. Isto pode fazer com que a educação do ensino médio seja atrativa para esta geração, principalmente para aqueles que buscam uma educação mais voltada para o ensino prático e para a realidade do mercado de trabalho ou de sua comunidade.

Outro ponto interessante é a possível flexibilização das aulas que poderão ser ministradas por professores especialistas, que não necessariamente sejam pedagogos, mas que tenham conhecimento profundo sobre determinadas áreas. Isto poderá ser bem-vindo, já que aumentará a competitividade saudável para a busca de uma melhor qualificação, além de valorizar o professor que já está preparado e que terá seu lugar garantido. Através desta flexibilização poderemos colocar profissionais do mercado de trabalho em parte das aulas, principalmente no que se refere ao ensino técnico. A qualidade educacional melhora muito, com este conhecimento mais real e prático.

Acho muito importante também o reconhecimento legal de que o ensino das habilidades socioemocionais são fundamentais e deverão ser incluídas no currículo/grade, ainda que nada tenha sido muito bem especificado neste segmento. Afinal, em uma sociedade que muda constantemente, a única certeza que temos é que devamos preparar os alunos para que sejam resilientes e adaptados a mudanças.

O que faltou nos anúncios do governo?

Sabemos que apesar do interesse de mudar para uma nova educação, existe uma fase de transição, e que o modelo tradicional de sala de aula não vai ser mudado radicalmente por um bom tempo. Também, não existe tal necessidade, ele tem seu valor, principalmente nos anos iniciais da educação básica.

Na MP anunciada, nada foi mencionado sobre medidas mais específicas neste sentido formação e preparação do professor e sabemos que esse é um dos principais gargalos do ensino médio público. É um buraco grande, e de suma importância.

Por fim, faltou o mais importante: detalhes! Como será implementado? Com que recursos? Quem irá implementar? Prazos específicos. Isso faz toda a diferença,pois, como sabemos, o orçamento é limitado, os recursos existentes exauridos, a pressão da mídia e da sociedade elevada... em suma falta um detalhamento primordial.

O governo Temer deve durar no máximo dois anos, e o processo de educação é de décadas. Não se consegue mudar rapidamente. A maneira escolhida, por MP, não foi a melhor e levantará grande oposição e riscos de diversos segmentos.

Não sei se foi ato de coragem ou de irresponsabilidade a realização demudanças desta maneira. Acredito que as pessoas do MEC, deste governo e do último, sejam pessoas do Bem e que tenham vontade melhorar. Por isto creio que seja ato de coragem.

Porém, pode virar irresponsabilidade se o detalhamento e a força de vontade, bem como a gestão e recursos necessários,não vierem juntos. Aí sim o “remédio” poderá matar o paciente. A sociedade, mais do que nunca, tem que se mobilizar e não deixar isto acontecer.


Nota do Editor: Marco Gregori é empreendedor e CEO da holding educacional Eduinvest e da Rede VIAe – método de aprendizagem que promove e estimula competências e habilidades em sintonia com as demandas do século 21 na educação básica e técnica. Formado pelo ITA, Gregori tem extensão por Harvard e MBA em estratégia de negócios e empreendedorismo pela Wharton Business School.

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