O relator do Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Deputados, deputado Jairo Carneiro (PFL/BA), questionou o presidente do PTB, Roberto Jefferson, sobre a origem dos recursos que financiavam o mensalão. "A origem destes recursos deve ser questionada ao Genoino (José Genoino, presidente do PT) e ao Delúbio (Delúbio Soares, Tesoureiro do PT). Mas pelas notícias que tive de Marcos Valério, o dinheiro vem de uma agência de publicidade", respondeu Jefferson.

Roberto Jefferson disse que boa parte do dinheiro recebido por parlamentares é proveniente de empresários. "Todo mundo sabe de onde vem os recursos. Eles são usados, inclusive, para financiar as campanhas políticas. Precisamos abrir isto para o Brasil."

Jairo Carneiro questionou também Roberto Jefferson sobre a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito das denúncias de "mensalão". "Ele acreditou no que o senhor disse?", perguntou Carneiro. "Ele afirmou que se sentiu ofendido e traído", ressaltou Jefferson. Segundo ele, o presidente Lula "preside o governo e não ao PT. Quando contei a Lula sobre o mensalão, falei à um inocente."

O relator do Conselho de Ética pediu a presença do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Delúbio Soares, ao Conselho de Ética. "Provavelmente alguns ministros também deverão comparecer", disse. O presidente do Conselho de Ética, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP), repreendeu Carneiro. De acordo com ele, "esta não é a hora de emitir opinião própria", disse.

Segundo Izar, o conselho já recebeu 10 solicitações para o comparecimento de testemunhas ao órgão. "Vamos deliberar sobre isto depois de amanhã". O deputado Orlando Fantazzini (PT/SP) criticou o parecer de Carneiro. "Não podemos transformar isso em CPI dos Correios ou palanque político".

Em entrevista publicada no dia 6 de junho pelo jornal "Folha de S. Paulo", o deputado federal Roberto Jefferson (RJ, presidente do PTB) disse ter tomado conhecimento, por intermédio de diversos parlamentares, da existência de um esquema de pagamento mensal a deputados, o chamado "mensalão", no Congresso.

Deputados do PP e do PL, segundo ele, recebiam até o início deste ano R$ 30 mil por mês. Ainda segundo Jefferson, esse dinheiro seria pago por Delúbio Soares, tesoureiro do PT.

No último domingo, em uma segunda entrevista ao jornal, Jefferson afirmou que o dinheiro utilizado pelo PT para pagar as supostas mesadas vinha de empresas e estatais. Apesar de dizer não ter provas, o deputado afirma que o dinheiro chegava a Brasília "em malas" e seria distribuído por Delúbio Soares, o publicitário Marcos Valério e o líder do PP na Câmara, José Janene (PR).