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Educação
06/08/2017 - 07h00
Pais, adolescentes?
Adriana Foz
 

A dica é: "Nunca tão perto para sufocar, nunca tão longe para se esquivar, mas perto o suficiente para educar."

Adolescer vem do latim ad que significa para e olescer, que significa, crescer. Portanto, crescer para... No dicionário Michaellis, adolescer é ”entrar na adolescência, crescer e desenvolver-se”. Já no Aurélio, é “o período caracterizado por intensos processos conflituosos, persistentes esforços de autoafirmação e de absorção de valores sociais”.

A partir dos mais recentes estudos sobre neurociência, o período da adolescência é uma fase de mudanças estruturais e neurocognitivas, é um segundo big bang sináptico. São mudanças fisiológicas, psicológicas, neurológicas inerentes a esta fase etária.

Mas, já no dicionário de muitos pais e professores - adolescer é... aborrecer.

Na minha “leitura”, todas estas fontes estão corretas. O que não está correto é justificarmos todas as ações de rebeldia e desrespeito dos jovens entre 13 e 18 anos (fase etária estipulada como adolescência) com este momento tão rico e cheio de desafios.

Todos nós, independentemente da faixa etária, tendemos à reorganizações, sejam de ordem neuronal, emocional, social ou cognitiva.

Sendo assim, como uma orquestra, buscamos afinar nossos instrumentos para compormos as partituras mais harmônicas, de acordo com nossas experiências, possibilidades, desejos e intenções.

Cada orquestra tem sua fase de desenvolvimento, por exemplo: quando bebês somos dependentes quase totalmente das estruturas paternais e exógenas. Quando crianças passamos a testar e experimentar ações e reações concretas, mas ainda precisamos muito das partituras familiares (pais e escola). Já quando púberes passamos a testar a potência de nossas asas, buscando criar nossas próprias músicas. Lembrando do mito de Ícaro, este último é um momento cuidadoso de treino, pois podemos “morrer na praia” ou “queimar” junto a proximidade do sol. Portanto, ainda precisamos dos modelos, mas não mais para copiar e se apoiar, mas para voar junto, mesmo que ainda com asas desajeitadas.

Neste momento é que deparamos com um problema de nossa atualidade: Junto de quem? Junto à quê? Junto por quê?

À priore, falo junto aos pais, orientadores, seres maduros que já conduzem suas vidas, autores de suas próprias composições musicais, de voo solo, com harmonia e afinação.

Mas... Onde estão estes pais?

Vejo alguns competindo com seus filhos, outros distantes destes, outros ainda carregando, em suas asas, seus rebentos.

As justificativas são inúmeras:

- “Trabalho muito e me sinto culpado de não estar presente; sou muito ocupado e não tenho tempo, nem paciência; prefiro dar tudo que posso materialmente à eles, pois não posso lhes dar atenção; dou 110% de atenção; não vivo minha vida, mas vivo por e para eles...”

Basta redigirmos estas alternativas para vermos que este caminho não é o de uma música sonora, audível, não é mesmo?

Mas o que fazer? Que rumo tomar?

Entendimento, compreensão e informação. Respeitar e agir... refletir, ponderar e agir. Agir com austeridade, autoridade - não digo autoritarismo - agir com compromisso, não omisso; agir com amor e limites.

Limite, eta palavrinha que temos o maior preconceito! O respeito pelo conceito de limites, seria uma fértil possibilidade... A começar com a postura paternal.

Possibilidades, são tantas, que podemos criar, recriar para nos orientar... para então orientar.

O que é educar se não, também, orientar?

O que é um voo seguro se não nos orientarmos, se não traçarmos um rumo, delimitarmos ações, assumirmos nossas possibilidades e limitações e refletir o trajeto enquanto traçamos o caminho?

É verdade, na adolescência nosso cérebro se reorganiza, nossos hormônios gritam. Alteramos nossos humores, quebramos padrões, buscamos limites...

Porém, basta lembrarmos de uma música de Mozart, Vivalde ou até mesmo de Wagner para identificarmos quem tem maturidade, quem já aprendeu sobre disciplina, que pode ser exemplo, para as notas em transformação?

Pais, adolescer é ouvir Marcelo D2, Jota Quest, eletrorock, eletro pop, eletro house... É eletricidade em combustão, isso é neurociência, isso é experiência, isso é sapiência.

Ser pai/mãe é também conhecer ou apreciar músicas clássicas, certo? Ser pai/mãe não é simplesmente fumar maconha com o filho ou escondido dele...

Precisam de um diapasão, afinar a escuta? Ótimo!

Toquem, dancem perto de seus filhos, exercitando a sabedoria, o discernimento e os ritmos!

“Nunca tão perto para sufocar, nunca tão longe para se esquivar, mas perto o suficiente para educar.”

Esta palavra também se encontra em diversos dicionários, mais preciosamente no dicionário dos pais realizados.


Nota do Editor: Adriana Fóz - Educadora (FEUSP), especialista em Orientação Educacional (USP), Psicologia da Educação (USP). Psicopedagoga (Instituto Sedes Sapientiae) e especialização em Neuropsicologia, pelo CDN/UNIFESP. Diretora Clínica da Unidade Integrativa Santa Mônica.

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