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Política
23/08/2017 - 07h38
A propaganda política do PSDB
Rodrigo Augusto Prando
 
Acertou, mas errou e errou mais...

Em 17/08/17, o PSDB veiculou sua propaganda partidária. Antes, porém, já havia uma chamada cuja tônica era bem clara: em algumas ações de governo, o partido havia acertado, mas, também, errado. No campo dos acertos, a peça publicitária relembra o Plano Real, o Bolsa Escola, os Agentes de Saúde e a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas, na sequência de cada acerto, os participantes vão, enfaticamente, afirmando: “mas, o PSDB errou”. E o locutor completa: “É hora de pensar o país”. Tenho, por dever de ofício, acompanhado e estudado os discursos presidenciais, as propagandas políticas e a construção da imagem dos próprios políticos, e, nos escaninhos da memória, nunca vi um partido vir a público afirmar que errou. Tal postura, obviamente, pode ser entendida em duas dimensões. Vejamos.

Numa dimensão mais teórica, intelectualizada, seria possível vislumbrar essa propaganda para o público interno do partido. Sabidamente, o PSDB nasce com aquilatada contribuição de Fernando Henrique Cardoso, um professor universitário, pesquisador e intelectual público. Em sua marca de origem, o partido esteve bem mais próximo à ética da responsabilidade do que à ética da convicção, em suas acepções weberianas. Assim, apresentar os acertos do partido e, na sequência, se propor à crítica do chamado “presidencialismo de cooptação” (termo já usado por Fernando Henrique em artigos), do fisiologismo e da miséria da política é assaz importante, inclusive no momento em que se propõe à autocrítica, isto é, reconhecer os próprios méritos na política, mas assumir sua porção de responsabilidade no quadro em tela. Traz, novamente, à baila, a proposta do parlamentarismo, bandeira histórica do partido. Inclusive num tom didático, professoral, vai explicando do que se trata e direcionando a crítica ao atual sistema de governo, presidencialista. Se, como dito, tal peça de propaganda fosse exibida para os intelectuais do partido, seus dirigentes e suas bases, seria o ótimo momento para refletir, projetar novos rumos e avanças na reconexão com a sociedade. Na propaganda, faltou Maquiavel, mas sobrou Weber e Kant.

Já na dimensão prática, real, a propaganda foi um horror. Afirmar que errou (e errou mesmo, vale destacar) é dar munição para os adversários. Pode-se, agora, imaginar o quão risonho estão, por exemplo, os petistas! Temos, na política brasileira, o primeiro partido “Agnus Dei” (cordeiro de Deus) que se encaminha, tranquilamente, para o sacrifício objetivando purificar os pecados de nossa política. É público e notório que os marqueteiros do PT não estejam disponíveis para um “job”, mas imaginar a aprovação pela presidência do partido dessa propaganda beira ao surrealismo. Ao colocar nos olhos dos bonequinhos cifrões para representar políticos no presidencialismo de cooptação, mira-se no “sistema”, de forma abstrata, para o entendimento da maioria que, importante lembrar, não conhece a teoria política. Mas não é só. Há os petardos direcionados para Temer, mas, também, para os próprios tucanos que ocupam importantes ministérios no atual governo. Outro ponto “genial” da propaganda: apresentando o presidencialismo da Nova República, com os eleitos pelo povo, numa sequência de quadros, temos: Collor, FHC, Lula e Dilma, com uma iluminação de cada um dos presidentes. Tratando do impeachment, apagam-se as luzes de Collor e de Dilma, mas são mantidas as luzes de FHC e de Lula! Nem João Santana conseguiria deixar Lula em melhor companhia do que o marqueteiro do PSDB!

A algaravia no bojo do PSDB tem, há tempos, nublado a visão estratégica do partido. No governo Temer, metade quer sair; a outra permanecer. O tabuleiro do poder depende de jogadas cotidianas e, com esta propaganda, o adversário coloca o partido mais uma vez em xeque.


Nota do Editor: Rodrigo Augusto Prando é Cientista Político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp/FCLAr.

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