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Política
24/01/2018 - 06h59
Lula: julgamentos e narrativas
Rodrigo Augusto Prando
 

Nesta quarta-feira, 24/01/2018, haverá o famigerado julgamento de Lula em segunda instância, pelo TRF-4, em Porto Alegre. Confirmando a lógica e os dados coligidos pela mídia, o futuro de Lula não deve ser nada fácil, ao contrário, é bem provável que no órgão colegiado, a condenação do Juiz Sérgio Moro seja confirmada.

A grande questão é se Lula poderá ou não ser candidato à Presidência em 2018. Particularmente, acho pouco provável, visto que, além da condenação em primeira instância e sua provável confirmação nesta semana, Lula tem outros tantos processos para responder à Justiça. Com Lula candidato, o tabuleiro eleitoral é um; sem ele, é bem diverso. Projeções, ainda, são prematuras. Mas, antes de tudo, caberia se questionar se um candidato que está, direta ou indiretamente, participando de todas as eleições desde 1989 é salutar ou, em certa medida, patológico em nossa democracia. Lula, assim, foi derrotado três vezes, ganhou duas e fez a sucessora duas vezes também. São, praticamente, 30 anos ininterruptamente na cena política brasileira.

Obviamente, uma candidatura, no Brasil, pode ser colocada à disposição do eleitor quantas vezes o candidato quiser e tiver condições, no entanto, tal fato é, especialmente, com Lula, representativo da pouca vitalidade do PT em ter formado novas lideranças e, no geral, de quase todos os partidos políticos que não trazem, efetivamente, nada de novo, nem nos nomes apresentados, tampouco nas ideias ou em algum projeto para o país. No limite, a presença ininterrupta de Lula sufocou o PT, sem apresentar um quadro viável eleitoralmente na ausência de seu principal líder.

Nessa pobreza de perspectivas resta, ao PT e a Lula, insistir na última narrativa construída que é a perseguição e condenação sem provas de um homem honesto. Há, aqui, a clara intenção de usar de uma lógica política para buscar invalidar as decisões dos juízes no bojo da lógica jurídica. Outra narrativa, também sem substância, é que uma eleição sem Lula não teria legitimidade.

Falácia, pura falácia. A democracia reclama eleições livres, mas, também, respeito à lei e ao Estado de Direito, bem como a harmonia entre os Poderes. E é, por isso, que a infeliz fala da presidente do PT, a senadora Gleise Hoffmann, ao afirmar que para prender Lula “vai ter que matar gente”, é um despropósito, pois, para além de líder partidária, ela deveria respeitar a liturgia do cargo de senadora da República, acatando as leis e as instituições republicanas.

O que acontecerá se for confirmada a condenação de Lula? Creio que nada, absolutamente nada que se assemelhe à uma convulsão social. Já não houve no primeiro julgamento e não haverá neste. Embora mentes autocráticas queiram a beligerância, o conflito, as autoridades competentes, as instituições e os próprios políticos não permitirão que se paralise a sociedade brasileira. Ainda na condição de condenado e réu, Lula já afirmou, alhures, que os procuradores e juízes, por exemplo, terão que pedir desculpas a ele e que a imprensa deve, mesmo, torcer pela sua condenação, pois quando ele voltar à presidência fará o tal do “controle social da mídia”. Pode-se imaginar um projeto político pautado na narrativa da vingança, no desrespeito às instituições e na censura dos adversários e da mídia? Pois é isso, em tese, parte das propostas lulistas.

Há, em termos da lógica dialética, uma questão não menos importante: a condenação de Lula - na Justiça - e sua inelegibilidade poderá significar – no âmago do processo - o renascimento do PT sem a presença personalista de Lula. Oxalá o partido e o campo da esquerda façam sua autocrítica e voltem a dar vitalidade à democracia e ao debate plural de ideias, sem messianismos e sem autocratas de diversos matizes.


Nota do Editor: Rodrigo Augusto Prando é cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É bacharel e licenciado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Sociologia, pela Unesp/FCLAr.

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