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SEÇÃO
Comportamento
28/01/2018 - 07h35
A sabedoria dos tímidos
Martin Portner
 

Se você é tímido, não perca a timidez. Avolume suas emoções e o mundo será seu.

Há boa chance de acerto para quem antevê que o mundo do futuro será dominado por pessoas tímidas. Com o avanço da interação digital, do trabalho cocriativo em pequenas equipes e de lideranças capazes de obter resultados através da empatia e resiliência, líderes tradicionais ancorados na exposição verbal eloquente e na exigência de resultados estão fadados a desaparecer.

Basta olhar para a geração dos millenials entrando para o mercado de trabalho. O relatório Deloitte 2015, que entrevistou 7800 millenials, dos quais três-quartos trabalham em empresas não públicas com mais de 100 colaboradores, sumariza os achados: são pessoas hiperconectadas com elevado índice de consciência social. São sensíveis à ética da organização e atraídos por empresas com forte sentido de missão. E consideram como verdadeiro líder aquele capaz de ter um pensamento estratégico ao mesmo tempo em que é fonte de inspiração e de visão. Ele possui uma forma de trabalho em que a paixão interior se torna visível sem que ele precise demonstrá-la verbalmente; enfim, uma colaboradora dinâmica, inteligente e empática que agrupa os demais à volta do seu projeto.

O trabalhador do futuro será um acrobata emocional. Suas emoções não são suprimidas; pelo contrário, são visíveis e altamente afinadas com sua lógica de trabalho. O extrovertido habitual do final do século XX, loquaz, repetitivo, convencedor, porém, pouco sensível às necessidades emocionais de seus colaboradores, está em declínio.

Introvertidas são pessoas que obtêm prazer na solitude. Ao contrário do que se imagina, não são antissociais. Introvertidos gostam de estar em grupos menores porque percebem que neles a verdade flui; eles terão mais chance de ouvir e de serem ouvidos. Tanto em nível pessoal como nas organizações de trabalho, os pequenos grupos produtivos são os que criam e fazem circular novas ideias. Como eles se habituaram a longas horas de brainstorming interno, adaptam-se com facilidade à função de brainstormers em grupos, trazendo verdadeiras inovações ao mercado. Nessas pessoas, a organização mental não está assentada em exteriorizar e sim em refletir; por isso, introvertidos são verdadeiros programadores da inovação. São capazes de operar os códigos mentais quem antecipam o que as pessoas desejam; são capazes de “sentir” o mercado, não de falar dele.

Diferente dos extrovertidos, os tímidos têm estreita ligação com a reação de medo. Para a mente, a explicação é simples. Se você vence qualquer tipo de medo, você se torna vencedor. Neste caso, é recompensado por um rearranjo nos circuitos do cérebro, um fenômeno que os cientistas chamam de neuroplasticidade. Se você não teme nada, não vence nada, nem organiza nada. Para ser bem sucedido, você deve conhecer seus medos, uma qualidade chamada de autoconhecimento. Depois, precisa colocá-los em perspectiva, saber que são obstáculos propositalmente colocados para o seu crescimento. O autoconhecimento dá um salto e se torna autocontrole.

No cérebro humano, as áreas mais recentes e inovadoras estão colocadas na região frontal. Lá são encontradas extensas conexões capazes de reorganizar medo, antipatia e cinismo em empatia, proatividade e intuição. A regra essencial é que nascemos com medo; ele ficará para sempre disponível na forma de argila úmida para podermos transformá-lo em degraus e encaixá-los na escadaria que leva ao sucesso. Em muitos, essas conexões perduram soltas, sem serem interconectadas, como cabos desplugados no chão, com soquetes de equipamentos disponíveis no outro canto da sala.

Millenials, além de socialmente inteligentes, foram presenteados por uma poderosa ferramenta nascida neste milênio: a meditação mindfulness. A ciência demonstrou que ela é verdadeiramente capaz de ligar plugues aos soquetes no equipamento emocional do cérebro. Nada será como antes. Se você é tímido, não perca a timidez. Avolume suas emoções e o mundo será seu.


Nota do Editor: Dr. Martin Portner (www.martinportner.com.br) é Médico Neurologista , mestre em Neurociência pela Universidade de Oxford e especialista em Mindfulness. Há mais de 30 anos divide suas habilidades entre atendimentos clínicos e palestras, treinamentos e workshops sobre sabedoria, criatividade e mindfulness.

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