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Meio Ambiente
15/10/2018 - 06h57
Mar de alegrias e grandes desafios
Janaína Bumbeer e Ronaldo Christofoletti
 

A costa brasileira é formada por quase nove quilômetros de beleza. São praias, dunas, falésias, restingas, manguezais e baías que reúnem uma das mais ricas biodiversidades do mundo. Um país verdadeiramente bonito por natureza, como diz Jorge Ben. Essa riqueza natural se mistura com a cultura praiana presente nas canoas de pesca, no artesanato, na culinária. O mesmo cenário em que depositamos nossas esperanças ao entardecer, tornando impossível contar a nossa história sem que os olhos sejam voltados para o oceano Atlântico.

Dizer que a gente fica melhor quando está em frente ao mar, parafraseando Nando Reis, não é apenas uma licença poética da canção! Um número crescente de pesquisas mostra o que o conhecimento popular já sabia: que estar próximo do mar faz bem à saúde, previne doenças e promove o bem-estar. Isso pode explicar o que leva mais de dois terços da população mundial viver no litoral ou áreas próximas à costa.

Nossos mares e oceanos são tão importantes que influenciam a vida de todo nós - de Norte a Sul, de Leste a Oeste -, e não só dos brasileiros que vivem na zona costeira. Os oceanos são a base da sobrevivência de toda humanidade, pois garantem a produção de oxigênio, recursos pesqueiros, regulam o clima até das regiões interioranas. Além de representarem local de esporte, lazer e turismo, abrigam os portos que conectam regiões e continentes, nos quais transita a maior parte do comércio e da economia. Dados recentes indicam que 19% do PIB do Brasil advêm dos nossos mares e oceanos, ficando atrás apenas da agricultura (21%).

São tantos os benefícios e serviços ecossistêmicos, que até a ONU declarou o período de 2021 a 2013 como a Década dos Oceanos!

Nesse mar de alegrias e riquezas, algumas tristezas chamam nossa atenção. Apesar da imensa importância econômica, ecológica, social e cultural, os mares não têm recebido os cuidados e investimentos que deveriam e estão ficando doentes. Novamente, não é apenas uma licença poética. Os peixes e outros recursos pesqueiros estão entrando em colapso. Algumas de nossas praias, antes paradisíacas, estão se tornando um cenário de sujeira e descarga de esgoto. As mudanças climáticas são reais, basta sentir as ondas de calor ou frio extremos, as chuvas intensas e inundações, o aumento do nível do mar e as ressacas cada vez mais frequentes que afetam quase 60% das cidades costeiras no Brasil.

Esse é o cenário do Antropoceno: a nova era geológica em que entramos, na qual atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima do planeta e no funcionamento dos seus ecossistemas. Temos um ambiente tão rico e tão lindo, mas temos uma capacidade inigualável de alterar o meio em que vivemos, a ponto de colocar em risco a nossa própria existência e das gerações futuras.

Neste balanço de alegrias, riquezas, tristezas e preocupações, nosso poder transformador pode também ser a solução. Somos criativos e devemos usar nossa criatividade, nossa alegria e nossa força para mudar o cenário atual, com soluções inovadoras, novas tecnologias e, principalmente, mudanças de comportamento.

Das pequenas ações - como consumir só o que precisamos, descartar o lixo corretamente, respeitar o ambiente e desmatar menos - às grandes mudanças - como a cobrança dos poderes Executivo e Legislativo para garantir a segurança do nosso meio ambiente. Assim, não importa se hoje estamos passando a tarde em Itapoã, numa barca para a Ilha do Mel ou surfando as ondas do céu de Brasília, todos nós somos responsáveis pelos mares. Deles dependemos para viver e para eles podemos deixar o nosso melhor.


Nota do Editor: Janaína Bumbeer é analista de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ronaldo Christofoletti é professor da UNIFESP e faz parte do grupo de 30 cientistas voluntários brasileiros convocados pela ONU para traçar pareceres sobre o que já foi feito para os oceanos.

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