Karen Wilson      Raoni Monteiro no Billabong Pro, em Jeffreys Bay.

O carioca Raoni Monteiro só surfou duas ondas em sua bateria, mas foram suficientes para que ele registrasse a maior pontuação da repescagem - 17,83 pontos de 20 possíveis - e a última delas ainda quebrou o recorde de maior nota do Billabong Pro em Jeffreys Bay neste ano - 9,83. Além dele, dos oito brasileiros que competiram nas séries irregulares de 1 metro de altura na quarta-feira, apenas o catarinense Neco Padaratz e o potiguar Marcelo Nunes avançaram para a terceira rodada da competição. Por ter estreado com vitória na terça-feira, o pernambucano Bernardo Pigmeu também vai disputar uma vaga para as oitavas-de-final, mas terá uma parada muito dura pela frente, o tricampeão mundial e defensor do título do Billabong Pro da África do Sul, o havaiano Andy Irons.

Pigmeu foi o único brasileiro a vencer na primeira fase classificatória, tornando-se a grande "zebra" da terça-feira ao derrotar o número 5 do atual ranking mundial, Trent Munro, além do campeão mundial de 1999 e um dos maiores ídolos do esporte, o também australiano Mark Occhilupo. Todos os outros oito brasileiros acabaram tendo que disputar a repescagem e o primeiro a entrar no mar na quarta-feira foi o niteroiense Guilherme Herdy, que foi facilmente batido pelo australiano Phillip MacDonald por 16,83 x 12,00 pontos.

Na seqüência, vieram mais duas derrotas seguidas para surfistas da Austrália. O paulista Renan Rocha continua sem vencer nenhuma bateria desde que retornou ao WCT neste ano e desta vez foi eliminado por 12,34 x 10,17 pelo igualmente experiente Luke Egan. Já a derrota mais sentida foi a do paranaense Peterson Rosa, que vinha de um excelente terceiro lugar na Ilha Reunião e acabou sendo barrado por Toby Martin por 15,67 x 11,50 pontos.

Três baterias depois, finalmente veio a primeira vitória verde-amarela na repescagem, com o carioca Raoni Monteiro mostrando muita precisão na escolha das ondas para arrancar duas notas altas - 8,00 e 9,83 - na que acabou sendo a melhor apresentação do dia. A nota 9,83 bateu a 9,57 recebida pelo australiano Joel Parkinson e seus 17,83 pontos só não superaram os 17,90 pontos de Kelly Slater e os 18,57 pontos do próprio Parkinson na terça-feira.

"Eu não entendi o que aconteceu!", disse Raoni Monteiro, sorrindo com a situação. "Fazia muito tempo que eu não tinha um desempenho tão bom assim numa bateria. Eu só consegui pegar duas ondas, a primeira foi nota 8 e a segunda 9,83, então foi tudo perfeito. Só confesso que não entendi como foi sair 9,83 naquela onda, que eu não achava que seria tão boa. Eu peguei um tubo até um pouco curto e depois fui fazendo manobras e eles me deram 9,83, poxa, fiquei amarradão!", surpreendeu-se Raoni, que depois de massacrar Darren O’Rafferty vai agora pegar outro australiano, Nathan Hedge, na terceira fase do Billabong Pro.

Na disputa seguinte, o cabo-friense Victor Ribas não teve a mesma sorte de Raoni e acabou eliminado por uma pequena diferença pelo australiano Tom Whitaker - 13,23 x 12,33 pontos. Depois, o catarinense Neco Padaratz, que não competiu na primeira fase porque chegou atrasado na África do Sul, estreou já na repescagem e despachou o norte-americano Chris Ward por 13,34 x 10,34 pontos.

Na seqüência, o pernambucano Paulo Moura deu muito azar ao entrar para competir na pior hora do mar e a bateria foi uma das com menor pontuação de toda a história do Circuito Mundial, com o brasileiro sendo derrotado por 6,80 x 6,60 pontos pelo australiano Richard Lovett. Já numa disputa muito acirrada, o potiguar Marcelo Nunes fechou a repescagem superando o australiano Troy Brooks por 14,66 x 14,50 pontos na última bateria do dia.

Está marcada uma chamada para às 7 horas desta quinta-feira na África do Sul, quando a comissão técnica se reúne para analisar as condições do mar. As ondas vêm baixando a cada dia e o Billabong Pro tem prazo até o dia 22 para ser encerrado, com bastante tempo para realizar a sexta etapa do ASP Foster’s World Championship Tour 2005 nas melhores condições possíveis nas quilométricas direitas de Jeffreys Bay.

TERCEIRA FASE:

01: Mick Fanning (AUS) x Luke Stedman (AUS)
02: Luke Egan (AUS) x Marcelo Nunes (RN)
03: Frederick Patacchia (HAV) x Michael Lowe (AUS)
04: Trent Munro (AUS) x Tim Reyes (EUA)
05: Cory Lopez (EUA) x Lee Winkler (AUS)
06: Damien Hobgood (EUA) x Bede Durbidge (AUS)
07: Tom Whitaker (AUS) x Jake Paterson (AUS)
08: Kelly Slater (EUA) x Damien Fahrenfort (AFR)
09: Andy Irons (HAV) x Bernardo Pigmeu (PE)
10: Bruce Irons (HAV) x Mark Occhilupo (AUS)
11: Nathan Hedge (AUS) x Raoni Monteiro (RJ)
12: Phillip MacDonald (AUS) x Neco Padaratz (SC)
13: Joel Parkinson (AUS) x Toby Martin (AUS)
14: Dean Morrison (AUS) x Richard Lovett (AUS)
15: Taj Burrow (AUS) x Greg Emslie (AFR)
16: Daniel Wills (AUS) x Taylor Knox (EUA)