Fusões e aquisições estão se tornando uma constante no mundo dos negócios. No mercado de tecnologia, existem inúmeros casos que ilustram este cenário. A Cisco adquiriu mais de 70 empresas desde 2003 - seis somente em 2005. A McAfee adquiriu a Wireless Security e a Sun adquiriu a Tarantella e a Procom Technology. Há ainda a estratégica aquisição da Macromedia pela Adobe Systems e outros tantos casos.

A Adobe Systems é detentora de títulos como Acrobat e Photoshop, uma das maiores fornecedoras mundiais de software. A Macromedia detém títulos de softwares consagrados como Flash e Dreamweaver. Esta operação, realizada em abril deste ano e avaliada em US$ 3,4 bilhões, uma vez aprovada pelos órgãos reguladores federais nos EUA, permitirá a oferta de inúmeras soluções para criar, administrar e fornecer conteúdos em múltiplos sistemas operacionais. Já a Cisco, líder mundial no segmento de networking, que adquiriu a empresa Linksys por US$ 500 milhões, busca maior penetração em um dos segmentos de mercado que mais cresce, o de pequenas e médias empresas, também conhecido como SMB (Small and Medium Business).

E o mercado de varejo também apresenta algumas movimentações nesse sentido. A maior delas ocorreu no início deste ano, quando a P&G (Procter & Gamble) anunciou a assinatura de um acordo com os controladores da Gillete para comprar a companhia por US$ 57 bilhões. O valor da operação representa quase 10% do PIB do Brasil em 2004. A fusão vai possibilitar à P&G ampliar o seu portfolio para campeã em vendas da Gillete, como aparelhos de barbear, desodorantes e demais cosméticos e produtos de higiene masculinos, além das pilhas Duracell, que irão totalizar um portfolio único de 21 marcas das duas empresas. Essa fusão revolucionará o segmento de bens de consumo e dará maior poder de negociação para os fabricantes perante as redes de varejo como Wal Mart, acostumado a ditar as regras do setor.

São vários os motivos que levam ao movimento elevado de fusões e aquisições. Sob a ótica das empresas compradoras, o primeiro motivo inquestionável seria a alta liquidez de muitas empresas que vêm buscando incessantemente aumentar sua capacidade de atendimento, ampliação de mix, capilaridade e novos nichos. Por outro lado, há empresas que são adquiridas por diversos motivos, como problemas financeiros, limitação para manter o ritmo de expansão exigido pelo mercado no segmento que atua e até conflitos de controle societário com controle familiar.

Segundo dados da OCDE (Organização pra a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2004 o investimento americano no exterior foi de US$ 252 bilhões, sendo sinalizado um crescimento para 2005. Um recorde histórico. Portanto, podemos concluir que os movimentos de fusões e aquisições estarão presentes por muitos anos e que poderão ser responsáveis, muitas vezes, por mudanças revolucionárias em determinados segmentos. Apesar das notícias em destaque neste período sinalizarem um período pessimista com a "caça às bruxas", ou melhor "caça aos corruptos", os investidores não estão sinalizando uma tendência de desaceleração de investimentos no Brasil, pois a tomada de decisão leva em conta sempre as tendências futuras, com visão de longo prazo e não imediatistas. Empresas e investidores: Vamos às compras!

Nota do Editor: Pedro Luiz Roccato é Diretor da Direct Channel.