Os olhares se perdem perante o infinito Frente ao horizonte Caído Cansado Dos dias fatigados Pelos longos nascentes/poentes De labuta interminável Nas oficinas do existir. Os olhares se cansam Ficando com suas meninas amiudadas Desejosas por se desfalecerem em lágrimas Para irrigar o solo do rosto Marcado pelo arado do tempo Para aliviar os sulcos abertos Pelos dias abandonados Pelos passos apresados e sem tempo De nosso tempo. Os olhares se fecham Encerrando as pálpebras sob o globo ocular Como a cortina de uma janela De frente para um mundo sem paisagem Uma janela de frente para tudo Sem nada que valesse a pena olhar e Por isso os olhos se fecham Para assim Preservar um último olhar que resta Que nos gesta Esse irascível desejo de Ainda Sonhar.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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