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24/08/2005 - 09h01
XXIII Festival da Pinga de Paraty
Sheilla Tauffner
 
 
Divulgação 
  Empório da Cachaça.

Mês de agosto na cidade é um dos meses mais quentes do ano! Estará acontecendo entre os dias 25 e 28 o XXIII Festival da Pinga de Paraty. O Festival da Pinga de Paraty já faz parte do calendário cultural há mais de duas décadas. Tradicional na cidade, o evento reúne pessoas de diversas regiões do Brasil e até do exterior.

O XXIII Festival da Pinga, programado para acontecer entre os dias 26 e 28 de agosto de 2005, no estacionamento ao lado da Igreja Matriz, é uma realização dos alambiqueiros, da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Turismo e Cultura de Paraty.

O evento será aberto ao público, e vai acontecer no estacionamento ao lado da Igreja Matriz. A expectativa é de que cerca de 20 mil pessoas circulem pelas 32 barracas que serão instaladas no local. Além disso, os apreciadores da "purinha" terão a oportunidade de experimentar os mais variados sabores da pinga de Paraty. Quatro alambiques participarão do festival, são eles: Coqueiro, Corisco, Murycana e Itatinga.

A Sectur Paraty divulgou, ainda, que a parceria entre Prefeitura e alambiqueiros tem como objetivo principal resgatar antigos festivais. Durante o evento, serão realizadas apresentações de artistas locais como, por exemplo, os grupos de cirandeiros da cidade, como ocorria em anos anteriores. Além disso, shows com bandas de fora também serão atrações do festival de 2005. E, ainda, acontecerá o Concurso de Drinques, que será julgado por um grupo de jurados formado por degustadores especializados na bebida.

Os apreciadores da cachaça poderão degustar as mais diversas opções da "purinha". Tem a bebida conhecida como normal, indicada para paladares mais apurados, a laranjinha (feita com flores de laranja), e a azulada (com flores de tangerina). Mas quem prefere as mais adocicadas, estarão expostas as bebidas como caramelada, pinga com mel, e a gabriela (com cravo e canela).

Uma das grandes atrações do festival desse ano é Renato Teixeira e Trio. Além disso, grupos de ciranda abrirão as três noites da festa. Bebeto e banda de forró e Bicho de Pé também garantiram presença.

PROGRAMAÇÃO

26/08 (Sexta-feira)
22h - Os 7 Unidos
24h - Bebeto e Banda de Forró

27/08 (Sábado)
14h - Coquetel do Samba
22h - Grupo de Ciranda Cana Verde
24h - Renato Teixeira e trio
 
28/07 (Domingo)
14h - Grupo Panamá
22h - Os coroas Cirandeiros
24h - Banda Bicho de Pé

É importante lembrar que beber moderadamente é fundamental para garantir um festival bem mais proveitoso e divertido.


História do Festival da Pinga
(Texto retirado do trabalho monográfico do historiador paratyense Diuner Mello)

O Festival da Pinga de Paraty foi criado em 1982 pela Associação Comercial e Industrial de Paraty ACIP, com a finalidade de divulgar a aguardente local. A data escolhida, o terceiro final de semana de agosto, foi com a intenção de atrair turistas num mês considerado de baixa demanda. Era uma forma de incentivar o turismo neste mês. Participaram do Iº Festival os Engenhos "Quero Essa", "Vamos Nessa", "Corisco", "Murycana", "Maré Alta", "Antiqua" e "Fim de Século".

A aguardente de Paraty sempre foi famosa por sua qualidade desde o século XVIII e o festival tem a intenção de resgatar este seu valor e qualidade. Ressalta-se, também, a fórmula de sua fabricação artesanal, tricentenária, que faz com que a pinga aqui produzida seja diferente das demais, hoje fabricadas em larga escala industrial. O saber da aguardente daqui difere de engenho para engenho em razão de "segredos" e fórmula de sua feitura, guardados "à sete chaves" pelos alambiqueiros e donos de engenhos.

Na Exposição Internacional de 1922, Paraty ganhou Medalha de Prata por sua aguardente "Azulzinha" ou "Azulada", fabricada pelo Engenho do Sr. Pedro Erasmo de Alvarenga Corrêa, Sr. "Peroca", no Fundão.

Havia, também, outras destiladas como a "Laranjinha", feita com flores de laranja, além da "Azulada", com folhas de tangerina. Tratavam-se de destilações e não de infusões como acontece, recentemente, como a pinga com melado, a "Caramelada", a com cravo, canela etc.

Ao longo dos anos, o festival foi organizado pela ACIP, Secretaria de Turismo e Cultura e Instituto Histórico, sempre juntamente com os proprietários de engenhos. Neste tempo, também, em razão do sucesso alcançado pelo evento, surgiram: o concurso de drinks, o concurso de Rainha do Engenho, o desfile de tropas e cavalaria, além dos shows de músicas locais (ciranda) e de música popular brasileira.

Antes o festival realizava-se na Praça da Matriz, no Largo da Santa Rita ou no areão do pontal. No local, às vezes, montam-se réplicas de engenhos e alambiques e outros objetos utilizados no dia-a-dia dos engenhos.


Um pouco de pinga!!!
(Sua história e sua fama em Paraty por Renan Wanderley)

No século XVIII Paraty chegou a ter mais de duzentos engenhos e casas de moenda. Consta em antigos documentos que a venda de farinha, peixe e banana não somava a renda que o município obtinha com a venda de pinga. Com a pinga de Paraty foi pago parte do resgate do Rio de Janeiro que em 1722 foi invadido pelo pirata francês Dougay Troin. Hoje, mais de 7 engenhos continuam produzindo. Alguns deles são de propriedade de famílias que fabricam pinga em Paraty há mais de 200 anos, outros pertencem a gente famosa como é o caso do príncipe D. João de Orleans e Bragança. Os segredos de fabricação continuam guardados a sete chaves, mas o modo de fazer pode ser visto por qualquer um que visitar os alambiques, que ainda hoje funcionam com roda d’água, barril de carvalho, pipas, dornas artesanais e tachos de cobre com fogão à lenha. O resultado desta combinação, que reúne a terra boa para cana e o conhecimento de séculos de tradição, só pode ser degustado em Paraty, terra-mãe das boas pingas artesanais do Brasil.

Originária das ilhas do Pacífico, a cana de açúcar chegou à Europa com os Cruzados. Os descobridores portugueses, precisando colonizar as terras d’além-mar achadas por Cabral em 1500, optaram pela plantação extensiva da cana e produção de açúcar para suprir um mercado mundial carente deste produto - até então raro e vendido somente em farmácias.

Nasciam o engenho, a casa grande e a senzala

A aguardente, subproduto da cana de açúcar, sempre esteve ligada ao Brasil desde seus primórdios. Segundo Gilberto Freyre, esta bebida começou a fazer parte da dieta escrava muito antes de se tornar seu vício, sendo servida logo de manhã cedo, com pirão de farinha e frutas: dava sustança pra lide.

Com o tempo, a aguardente foi se tornando moeda de troca por negros escravos e, embora tenha tido sua produção proibida diversas vezes pela Coroa - por conta da concorrência que fazia à bagaceira e aos vinhos portugueses - acabou se tornando a mais popular bebida brasileira, até hoje.

Os primeiros engenhos que se tem notícias no Brasil Colônia datam de 1533 e 1541, na Capitania de São Vicente, vizinha à Paraty. Embora não existam referências escritas sobre o efetivo início na produção da bebida na Colônia ou em Paraty, Luiz da Câmara Cascudo opina que a aguardente brasileira nasceu por volta de fins do século XVI.

Sendo historicamente inquestionável a influência da Capitania de São Vicente no povoamento e desenvolvimento da região - Paraty inclusive - acredita-se que, a partir de 1600, a bebida tenha começado a ser alambicada em terras paratienses. E, mesmo sem ter sido pioneira na produção da aguardente de cana, Paraty - quer pelas suas terras, quer pelas suas águas ou lenhas ou ainda pelos segredos da própria alambicagem - foi a mais importante região produtora de pinga no Brasil Colônia. Não apenas na Corte como na Colônia, todos pediam uma dose de paraty quando desejavam uma simples aguardente. Podemos afirmar, sem constrangimento, que a pinga é Paraty.

A pinga produzida em Paraty fez tanta fama pela sua qualidade, segundo Monsenhor Pizarro e outros historiadores, que custava mais caro que todas as demais comercializadas no país; e sua importância sócio-econômica foi tão grande desde 1700 que acabou emprestando seu próprio nome (paraty) como sinônimo de aguardente até pelo menos meados do século XX. E, embora aquele nome tenha perdido seu significado como sinonímia, a cidade vem organizando, desde 1983, o Festival da Pinga, criado pela Associação Comercial e Industrial, objetivando basicamente o resgate e a divulgação do mais famoso produto local, fabricado há mais de 300 anos, sempre de modo artesanal.

Dos mais de 100 alambiques de aguardente que funcionaram no município a partir de meados de 1700, a cidade conta hoje apenas com as marcas Corisco, Coqueiro, Itatinga, Murycana, Maré Alta e Vamos Nessa, todas de qualidade inigualável e consideradas por peritos em aguardente - como os membros da Academia Brasileira da Cachaça e da Confraria do Copo Furado, ambas do Rio de Janeiro - como as melhores dentre as milhares de pingas alambicadas hoje em dia.

A pinga brasileira, ao mesmo tempo em que vem ganhando novos mercados no exterior, chega ao século 21 com um padrão de qualidade e fama inigualáveis. Prova disto são o incremento do produto na pauta de exportações, o apoio do governo federal através do Sebrae e da iniciativa privada através do PBDAC, a inauguração de novas cachaçarias, seja no Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza ou Salvador, entre outras, e na visível presença da bebida em lugares antes freqüentados apenas por destilados importados.

Isso tudo, sem falar na maior festa brasileira, o carnaval, que divulga o Brasil e as coisas brasileiras para o mundo todo: em 2001, o samba enredo do G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense, tricampeã neste ano, dizia:

Pinga... Olha a cana virando aguardente.
No mercado do ouro atraente,
Paraty espalhou a bebida.


Renan Wanderley foi funcionário do departamento de comunicação e marketing, Secretaria de Turismo e Cultura de Paraty.

Ao amigo Renan, que partiu, mas onde quer que esteja, tenho certeza, está por aqui brindando conosco... Faço um brinde!!!

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