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SEÇÃO
Economia e Negócios
28/08/2005 - 15h22
Competitividade sobre pneus
Áurea Rangel
 

No estudo do FMI "Perspectivas para a Economia Mundial - 2005", há preocupantes dados comparativos sobre os países em desenvolvimento. No período 2003/2006, o crescimento previsto do PIB mundial é de 19%. As nações desenvolvidas teriam expansão de 11,46% e as emergentes, 28,52%. No segmento constituído por Brasil, Rússia, Índia e China, a estimativa média é de 33,17%. No caso do Brasil, porém, prevê-se avanço de apenas 13,48%, com diferença de 15 pontos percentuais em relação aos seus concorrentes na globalização. No exercício de 2005, o relatório indica que, ante um crescimento do Brasil estimado em 3,7%, são previstos 8,5% para a China, 6,7% para a Índia e 6% para a Rússia.

Os brasileiros conhecem bem os problemas que entravam o crescimento sustentado da economia nacional, a taxas compatíveis com a expansão demográfica, o passivo do desemprego, o ingresso anual de milhares de jovens no mercado de trabalho, a inclusão de milhões de pessoas e a garantia de competitividade no comércio mundial. Juros e impostos elevados, câmbio sobrevalorizado, acesso restrito ao crédito, "Mensalão" e outras mazelas à parte, um dos gargalos do País é a deficiência na infra-estrutura, em especial nos transportes.

Sobre isto, é curioso constatar a congruência entre dados de investimentos em rodovias na China e Índia, constantes de distintos estudos internacionais, e as estimativas de crescimento econômico apontadas no relatório do FMI. Nos dois países, os aportes do governo em rodovias crescem ininterrupta e rapidamente desde o início da Década de 90. Naquele ano, é importante lembrar, a China iniciou grande projeto rodoviário para corredores com alta movimentação de veículos. Seus investimentos na área saltaram de US$ 13 bilhões, em 1997, para US$ 38 bilhões em 2002. Sua meta, até 2010, é construir mais de 35 mil quilômetros de estradas, somente no âmbito daquele programa. O governo hindu investiu em rodovias cerca de US$ 2 bilhões por ano até o fim dos anos 90, ampliando o volume para US$ 5 bilhões por exercício no início do século. Já se fala no país que a expansão da economia exigirá aumento para US$ 20 bilhões/ano, suscitando a abertura do setor ao capital privado.

Além da relação intrínseca entre crescimento econômico e investimentos em infra-estrutura, os programas rodoviários chinês e hindu evidenciam algo importante: a visão integrada de desenvolvimento. A expansão da malha rodoviária dessas nações, remontando ao início de sua escalada na economia global, integra todo um projeto articulado de crescimento, com cronograma de ações, prevendo-se a expansão demográfica e da movimentação de cargas, as rotas de exportação e abastecimento do mercado interno e as regiões nas quais são incentivados investimentos produtivos estrangeiros. Podem apostar: em curtíssimo prazo, não haverá na China uma só planta industrial das empresas transnacionais que se instalam nesse país sem acessos rodoviários eficientes.

Uma economia forte não se faz com obras esparsas, desarticuladas de um programa global, como se verifica no Brasil. Aqui, onde o setor de logística movimenta algo em torno de US$ 100 bilhões, considerando toda a cadeia - fornecedores, armazenagem, movimentação interna e distribuição -, os investimentos em rodovias têm sido pífios em relação às reais necessidades e em comparação com as nações concorrentes. Em 2005, foram movimentados mais de 1,2 bilhão de toneladas de cargas no Brasil. Parcela expressiva desse volume demorou muito a chegar a seu destino, pois trafegou por estradas esburacadas, sem sinalização adequada e estrutura de segurança, provocando perdas, encarecendo os produtos e transformando motoristas em heróis.

Os números evidenciam a importância do transporte rodoviário para a competitividade das nações emergentes. A negligência federal com o tema mostra que, além da necessidade específica de investir nesse segmento da infra-estrutura, o Brasil ainda carece de algo muito mais amplo: um projeto eficaz e exeqüível de país.


Nota do Editor: Áurea Rangel é química, mestre em engenharia de materiais e diretora executiva da Hot Line.

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