Como é gostoso ler um bom livro. Ficção ou aventura, romance ou drama, boas obras não faltam para atiçar a nossa imaginação e nos transportar para um mundo bem distante daqui. Mas para despertar o prazer da leitura, o importante é que este hábito comece desde a mais tenra idade, antes mesmo da alfabetização. Apresentar a criança ao mundo das letras é, antes de tudo, oferecer a ela a ferramenta necessária para se desenvolver intelectualmente, num estímulo não só à leitura, mas também à escrita e à estruturação do pensamento. Um hábito prazeroso e saudável que deve ser cultivado em casa e também na escola.

Com idéias simples e criativas, a escola Cidade Jardim - Play Pen, na zona sul da cidade, vem conseguindo estimular a curiosidade dos pequenos aprendizes quando o assunto é leitura. Para incentivar as crianças de 5 e 6 anos, em fase de alfabetização, a mergulhar neste universo das letras, a escola investe no lado lúdico desta experiência. Três vezes por semana, as crianças se deliciam com as histórias contadas pela professora Sandra Brandão num cantinho todo especial. Um grande pano azul ao fundo, uma mesinha com toalha de crochê e uma vela acesa remetem os alunos à época em que as histórias eram contadas de pai para filho, em volta da fogueira. Sentada em uma cadeira confortável, reservada apenas para estes momentos, Sandra dá início à leitura da obra, algumas com texto, outras apenas imagens. Os pequenos escutam atentos à história e, muitas vezes, se empolgam tentando adivinhar o que vai acontecer depois. No momento do clímax, é hora de parar e incentivar os alunos a levantar hipóteses sobre o final do livro. Suspense no ar, as crianças só ficam sabendo o final da história no encontro seguinte. Feliz com o interesse dos pequenos, Sandra afirma que estes elementos lúdicos ajudaram a meninada a soltar a imaginação. "As crianças passaram a se envolver mais com a história e a aproveitar melhor os momentos de leitura", comenta.

Empolgados com as novas histórias que passaram a conhecer - todas clássicos da Literatura Infantil e do folclore - muitas vezes os alunos levam os livros pra casa para mostrarem aos pais, ou até mesmo para prepararem como vão recontá-lo para os colegas na sala. Quem se habilita a ser um contador tem direito a sentar na cadeira especial, um detalhe que eles adoram. "Eles recontam de um jeito próprio, de uma forma linda para agradar aos colegas. Fazem vozes diferentes, caras e bocas, o que enriquece o momento. De uma forma prazerosa, eles melhoram a oralidade, o vocabulário e a organização das idéias", explica Sandra.

Em um outro projeto, a sala de leitura, são as crianças que escolhem o que querem ler. Uma música especial anuncia o início da atividade. Durante 15 minutos, eles folheiam o livro em silêncio. Depois, em uma roda, duas crianças contam a história e suas impressões para o grupo. Algumas tentam ler o texto, outras simplesmente dão asas à imaginação e interpretam as imagens. A partir daí, podem surgir outras atividades, como criar um outro final para a história ou fazer um desenho sobre o que leram. Segundo Lílian Garcia, assessora de Língua Portuguesa do Alfa (Pré II) à 6ª série, este momento de leitura e introspecção faz com que as crianças tenham uma relação mais intensa com os livros. "Eles trocam os livros com os colegas, fazem propaganda sobre o que leram e até levam a obra pra casa para ler mais vezes", conta. Ainda em fase de alfabetização, ela acredita que os pequenos estão no caminho certo para se tornarem bons leitores. "Percebemos sem dúvida que estamos despertando o gosto pela leitura nestas crianças de forma prazerosa. É um privilégio observar a expressão dos alunos se transformar quando abrem um livro, mesmo aqueles que dizem não gostar de ler não conseguem esconder o entusiasmo", completa Lílian.