"Brasil, em nossas mãos a mudança" é o lema da 11ª edição do movimento do Grito dos Excluídos deste ano, manifestação nacional que prevê ações em todos os estados do país na Semana da Independência e, particularmente no dia 7, quando caravanas de diferentes regiões se encontram na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida do Norte. Neste ano, o objetivo é exigir mudanças econômicas e combate à corrupção. O movimento Grito dos Excluídos possui uma Coordenação Nacional própria, reúne entidades da sociedade civil e tem uma forte participação da Igreja Católica. O movimento tem um lema a cada jornada, mas sempre leva para as ruas também reivindicações das entidades que participam, como moradia e saúde. O bispo auxiliar de São Paulo, Pedro Luiz Stringhini, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), defende que no Grito deste ano também deve estar em pauta a discussão sobre a ética no Brasil, especialmente no que se refere à corrupção. Na opinião de Stringhin, o país já é capaz de encarar o dia 7 de Setembro como uma data em que o povo se mobiliza para exigir mudanças nas áreas de moradia, trabalho, educação e saúde. "O Grito é sempre um movimento de alerta", diz ele. Para João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um dos membros da coordenação do Grito, há três principais reivindicações do MST. "O foco principal da gritaria é, em primeiro lugar, exigir mudanças na política econômica do governo. No segundo aspecto, vamos pedir que o governo brasileiro retire as tropas do Haiti, que nos envergonha. E em terceiro, vamos aproveitar para conscientizar o povo de que só a organização dele é que pode gerar mudanças sociais", contou. Para Stédile, é importante que a população saiba que as mudanças dependem dela. "O problema do governo é do governo. O nosso problema como organizações populares é que essa política econômica aumenta os problemas do povo. Então, nós temos a obrigação de reclamar, denunciar e dizer ao governo que esta política está errada e tem que mudar." Participaram da apresentação do movimento deste ano, em São Paulo, na última quinta-feira (1), Eduardo Cardoso, da Central de Movimentos Populares (CMP), Luiz Bassegio, da Campanha Jubileu, Nanci Darcolete Nazareth, representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, Moralinda Matias, da 18ª Romaria dos Trabalhadores e Célia Aparecida Leme, que representa os trabalhadores e trabalhadoras participantes da Romaria a Pé, que passará por diversas regiões da capital. Segundo o comunicado da Coordenação Nacional do Grito, o movimento "denuncia a desigualdade social e a exclusão econômica que se concretiza nos 20 milhões de desempregados apontados pelo IBGE", além de apontar a má distribuição de renda. Há 11 anos, a manifestação ganha força na concentração que ocorre no Santuário de Aparecida do Norte, interior de São Paulo, com caravanas de todo o país, e no Grito final propriamente dito, realizado no Monumento do Museu do Ipiranga, em São Paulo, na manhã do dia 7.
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