Nilton Santos      O baiano Flávio Costa, que ocupa a vice-liderança do ranking brasileiro e conquistou a primeira vaga para as oitavas-de-final nesta sexta-feira.

O número 3 do ranking brasileiro, Marcelo Trekinho, foi barrado na quinta-feira pelo paulista Heitor Pereira, que deu outro show quebrando todos os recordes do SuperSurf na Costa do Sauípe com uma nota 9,5 e os 16,17 pontos que somou para despachar outro carioca que estava na briga direta pela liderança na Bahia, o quarto colocado Leonardo Neves. Já o paulista Beto Fernandes e o baiano Flávio Costa, respectivamente os dois primeiros na classificação geral da temporada 2005, estrearam com vitórias nas ondas irregulares de meio metro de altura do início do dia, antes de uma forte chuva desabar no litoral norte da Bahia, chegando até a paralisar a competição por alguns momentos. As disputas recomeçaram para o encerramento da terceira fase masculina, mas a feminina só volta ao mar neste sábado para a realização das quartas-de-final da penúltima etapa do SuperSurf 2005, que termina na manhã do domingo na Costa do Sauípe.

O baiano Flávio Costa conquistou a primeira vaga nas oitavas-de-final derrotando o cearense Fábio Silva por 12,10 x 10,77 pontos. "O mar está bem difícil, o vento muito forte, mas consegui achar duas ondas ali que deu para fazer uma conexão até o inside", contou o surfista de Ilhéus que carrega a esperança da Bahia voltar a ter um campeão brasileiro. O único da história foi Jojó de Olivença, que foi o número 1 do Brasil duas vezes, em 1988 e 1992.

"Quero aproveitar este bom momento que estou passando e também parabenizar os organizadores por terem trazido o SuperSurf de novo para a Bahia. Eu estou aí muito concentrado para passar as baterias e se for a vez de eu ser campeão brasileiro, só Deus é que sabe, então deixo na mãos Dele e só penso em fazer o meu trabalho, sempre dando o melhor que posso", falou Flávio Costa, que seguiu para enfrentar o paulista Tadeu Pereira e se passar por ele pode até encontrar o líder do ranking nas quartas-de-final.

A ESTRÉIA DO NÚMERO 1 - O experiente Tadeu Pereira tirou a primeira nota alta da sexta-feira - 8,0 - para derrotar o paranaense Maicon Rosa na segunda bateria. Na terceira, a experiência também prevaleceu e o ex-campeão brasileiro e atual presidente da ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional), Pedro Muller, despachou o jovem Hizunomê Bettero. O carioca será o adversário do número 1 do SuperSurf 2005, Beto Fernandes, que conseguiu se superar nas difíceis condições do mar para ganhar o confronto paulista contra Alex Godoy por uma pequena diferença: 9,90 x 7,57 pontos.

"O mar está muito difícil. Acho que nunca competi num mar tão ruim assim na minha vida. Fiquei quase 15 minutos sem pegar nenhuma onda, só consegui achar duas ali no finalzinho e graças à Deus foi o suficiente para passar. Perdi até uma quilha ali nas pedras, mas ainda bem que deu para classificar", disse um aliviado Beto Fernandes. "Eu quero tentar abrir uma boa vantagem aqui para chegar na última etapa mais tranqüilo, mas vou ter que contar com bastante sorte se as condições do mar continuarem assim. Estou querendo esse título brasileiro e vou batalhar até o fim", prometeu Beto.

O MELHOR CONFRONTO - Provando as condições irregulares do mar, a disputa seguinte foi uma das melhores do SuperSurf na Costa do Sauípe, com boas ondas entrando para os dois competidores. O paulista Cristiano Guimarães largou na frente com notas 8,17 e 6,50 em suas duas primeiras ondas, mas o carioca Yuri Sodré respondeu com um 8,5 e um 6,2 para ganhar a bateria com um apertado placar de 14,70 x 14,67 pontos. "Quando eu comecei a escutar que estava em combinação (precisando de mais de 10 pontos), vi que tinha que arriscar tudo e as coisas foram acontecendo. Consegui tirar um 8,5 e depois os pontos que precisava para vencer. Dei tudo de mim e parabéns para os juízes que estão sabendo valorizar as manobras fortes, conforme o critério utilizado no circuito mundial", elogiou Yuri.

Surfar em ondas pequenas nunca foi seu ponto forte, mas o carioca que está bem próximo de confirmar seu retorno ao grupo de elite do surfe mundial confessa que isso mudou. "Por incrível que pareça tenho competido em ondas muito piores do que essas e para mim este mar está clássico, porque na Califórnia, em Anglet e em Lacanau (ambas na França) as condições estavam horríveis, então eu fui obrigado a evoluir o meu surfe nesse tipo de mar. Eu até me surpreendo com a velocidade e a forma com que tenho conseguido surfar nessas condições, pois sou um cara alto, mais pesado, bem diferente de surfistas como o Mineirinho (Adriano de Souza), o Pedrinho (Pedro Henrique), que são baixinhos e bem mais leves. Só que tenho treinado muito nesse tipo de onda para me adaptar e está dando certo", contou Yuri Sodré, que agora vai pegar uma das sensações do campeonato, o paraibano Jano Belo.

DERRUBANDO FAVORITOS - Depois de ganhar o confronto mais emocionante do SuperSurf da Costa do Sauípe na última bateria disputada na quinta-feira, superando o gaúcho Rodrigo Dornelles no último minuto na disputa que terminou com as duas maiores pontuações da competição, Jano Belo agora derrubou o carioca Pedro Henrique, que venceu a etapa passada em Saquarema (RJ) e vinha de um excelente segundo lugar na prova que fechou a "perna européia" do WQS em Portugal no domingo. "Eu vim para cá para tentar entrar na elite dos top-16 aqui. Estava em 18º no ranking e peguei duas pedreiras pela frente, mas consegui apresentar bem o meu surfe. Tomara que essa sorte de achar boas ondas na bateria continue e quem sabe eu chegue até a final aqui, que seria show para garantir minha vaga nos tops", falou Jano, após ganhar a sexta bateria da terceira fase por 12,77 x 11,16 pontos.

O QUEBRADOR DE RECORDES - Mas, quem arrebentou mesmo foi o paulista Heitor Pereira, que derrubou outro grande favorito ao título brasileiro no SuperSurf 2005. A primeira vítima foi o número 3 do ranking Marcelo Trekinho, quando ele conseguiu a maior nota da competição - 8,67 - até a quinta-feira. Contra o bicampeão brasileiro e também carioca Leonardo Neves, quarto colocado, achou uma ótima esquerda, aplicou quatro fortes batidas e ampliou sua própria marca ao ganhar nota 9,5 dos juízes em sua segunda onda, além de também aumentar para 16,17 o recorde de pontos na Costa de Sauípe.

"Eu treino bastante nesse tipo de onda e a prancha está muito boa, mas também tive sorte em achar aquela onda. Estou muito feliz em vencer mais uma bateria, pois pretendo melhorar minha posição no ranking", disse Heitor Pereira, de apenas 19 anos de idade, que chegou na Bahia em 62º lugar no SuperSurf 2005. Ele contou como foi a onda que recebeu a maior nota nesta única etapa no Nordeste: "Foi uma esquerda muito boa da série. Logo que entrei nela, vi que tinha potencial para dar várias batidas e foi o que eu fiz, acertando manobras bem fortes e controladas até onde deu".

TEMPORAL NA BAHIA - Ele agora vai ter pela frente o número 7 do ranking, o gaúcho Daison Pereira, que tinha acabado de passar pelo catarinense Andreas Eduardo. Já a chave-de-baixo foi inaugurada com a vitória do atual campeão brasileiro Renato Galvão, com o ubatubense superando outro surfista de Santa Catarina, Guilherme Ferreira, por 13,50 x 8,24 pontos. Essa foi a última bateria antes de desabar um temporal na Costa do Sauípe. A competição chegou a ser paralisada por alguns minutos e retornou com a segunda vitória da Bahia na sexta-feira. O soteropolitano Crhistiano Spirro derrotou o cearense Dunga Neto para completar a quinta oitava-de-final, contra o campeão brasileiro Renato Galvão.

O SUPERSURF 2005 é organizado pela Editora Abril e ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional) e tem como patrocinadores a Volkswagen, a TIM e as Sandálias Havaianas, além do apoio da Onbongo, Revista Fluir e Waves/Terra. Esta quarta e penúltima etapa também conta com o apoio da Costa do Sauípe, da Prefeitura Municipal de Mata de São João, da Rádio Transamérica FM e da Federação Baiana de Surf. A competição será transmitida pelo Sportv e pelos sites www.supersurf.com.br e www.abrasp.com.br.