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Brasil
27/09/2005 - 06h12
Livros contrariam discurso da democracia racial
Agência USP de Notícias
 
Alunos manifestam consciência racial e aceitam obras que abordam a questão dos negros, mas ao serem questionados sobre seus artistas e heróis preferidos, a maioria apontou ícones brancos

Um estudo aprofundado sobre a representação do negro na literatura infantil e juvenil indicou um universo ainda problemático das relações étnico-raciais. Ao mesmo tempo em que os raros livros que trazem personagens negras ainda são escritos por brancos e repetem preconceitos, estudantes-leitores afirmam a existência do racismo no Brasil. "Este pode ser um indício de rompimento do discurso da democracia racial no país, dificilmente observável em outras décadas", afirma a pesquisadora Andréia Lisboa.

Em sua dissertação de mestrado realizada na Faculdade de Educação (FE) da USP, Andréia lançou um olhar sobre um tema que ainda é tabu na escola. Por meio de leituras, desenhos, questionários e discussões, a pesquisa que envolveu alunos de 5ª a 8ª séries sugeriu que a consciência racial só estava presente no discurso dos estudantes. Ou seja, embora muitos condenassem o racismo, o imaginário dos alunos ainda era carregado de valores "brancos". Quando questionados quais eram seus artistas e heróis preferidos, a maioria apontou ícones brancos.

O negro pelas mãos dos brancos

"É um problema de democracia. O mercado não investe nem publica autores negros que tratem da questão racial, como não há espaço para eles em cargos de alto escalão", critica Andréia. Segundo a educadora, não havia interesse comercial das editoras até a aprovação da lei 10.639, em 2003, que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. "Agora as editoras viram que podem lucrar", revela a pesquisadora.

A história dos livros que abordam a temática negra é sintomática do racismo no país. Até os anos 1980, a personagem era associada à imagem de escravo, babá ou doméstica. Como alternativa da resistência diante do preconceito no mercado editorial, a partir da década de 1990 alguns autores publicaram obras de forma independente. Com pequena tiragem e abrangência local, esses livros contribuem para a representação positiva dos negros.

Andréia esmiuçou as características estéticas e temáticas de grande parte da produção editorial brasileira. Segundo a pesquisadora, quando não é especificado o pertencimento étnico-racial da personagem, automaticamente o ilustrador desenha alguém branco. Os livros também não apresentam diversidade de traços nas personagens negras. "A Nauzinha é diferente da Cinderela, que é totalmente diferente de Alice no País das Maravilhas", afirma a educadora. Em contrapartida, o negro é resumido com lenço no cabelo, enorme boca vermelha e nariz achatado.

"Não queremos maquiar a realidade, mas deve-se garantir a diversidade", defende Andréia. Para ela, os cenários em que está inserida a personagem sempre se relacionam à pobreza. Além do impacto sobre a auto-representação dos leitores, o problema de se formar uma única visão do negro - pobre - é tornar muitas obras veículos de constante luta contra o racismo. "A obra literária perde seu objetivo, se tornando uma linguagem denotativa e panfletária", diz a pesquisadora.

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