Numa época em que se observa muito em crianças sintomas como a desatenção, a agitação e a tão falada hiperatividade, a concentração em aula, a ponto de absorver adequadamente o conteúdo, não é mais tão fácil como antigamente. Naqueles tempos, interessados ou não, os alunos mantinham-se em silêncio, numa atitude de obediência e respeito à autoridade do professor, sob pena até de castigo físico. Hoje em dia as relações entre alunos e professores estão bem diferentes, e estes buscam despertar o interesse e a curiosidade das crianças, como os motores do processo de aprendizagem. Por outro lado, apesar de ganharem relações mais horizontais, mais próximas dos pais, professores e orientadores, os alunos de hoje perderam em outras situações, como, por exemplo, em sua relação com a cidade ou com o bairro onde moram, que é muito restrita. Muitas têm medo de andar a pé pelas ruas, não andam de ônibus, estão sempre monitoradas através de seus celulares e, portanto, perderam muito em liberdade de ação. Apesar da energia acumulada e do excesso de informação disponível, continua um desafio para professores e pedagogos evitar que esta energia se transforme em pura ansiedade, em vez de gerar a disposição para o aprendizado. As escolas têm buscado novidades para atender à nova geração e sua formação. Visitando os sites das escolas é possível observar as mudanças, que são muito bem-vindas, pois vêm atualizando os processos e os métodos pedagógicos, buscando despertar uma maior participação de seus alunos. Esta evolução no dia-a-dia escolar traz projetos, feiras, mesas redondas, projetos científicos, jornalísticos, elaborações de sites, pesquisas, viagens para estudo do meio e uma infinidade de novas atividades. Todas elas realizadas pelos alunos sob orientação dos professores. Isto é muito importante, pois retira a criança do papel passivo, à espera de informações prontas, e a coloca diante de projetos nos quais têm que se envolver para realizá-los. A participação ativa dos alunos é o maior antídoto contra o desinteresse, além de melhorar muito a convivência dentro da escola. Além disso, ao oferecer outros caminhos para o conhecimento, a escola atinge positivamente um número maior de alunos, especialmente aqueles que não se adaptam bem à rotina escolar tradicional, e até apresentam maus resultados. Estes precisam quebrar a círculo vicioso de insegurança e falta de motivação, e, ao vivenciarem uma experiência positiva, sentem-se acolhidos pela escola. Esta variação de papéis e atividades também favorece o preparo do aluno para a diversidade do próprio mercado de trabalho. Situações como falar em público, planejar a edição de um jornal, assistir a palestras, pesquisar na internet etc., são comuns em várias profissões, se não em todas. E se o adolescente já está familiarizado com elas, tanto melhor. A tradicional rotina de copiar a matéria da lousa, escutando as explanações dos professores, é apenas uma parte do que as escolas estão oferecendo aos seus alunos. Os recursos da informática e internet complementam perfeitamente esta nova postura educacional. As escolas que ainda mantêm somente a antiga forma precisam acertar o passo com a tendência atual, sob o risco de perderem alunos, ou então o interesse deles. Nota do Editor: Adriana A. Madia de Souza é psicanalista e Diretora do Nucleonov - Núcleo de Orientação Vocacional.
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