• Declaração
Em nome de Jesus Ressuscitado que vence a morte pela Vida plena, faço saber a todos: 1. De livre e espontânea vontade assumo o propósito de entregar minha vida pela vida do Rio São Francisco e de seu povo contra o Projeto de Transposição, a favor do Projeto de Revitalização. 2. Permanecerei em greve de fome, até a morte, caso não haja uma reversão da decisão do Projeto de Transposição. 3. A greve de fome só será suspensa mediante documento assinado pelo Exmo. Sr. Presidente da República, revogando e arquivando o Projeto de Transposição. 4. Caso o documento de revogação, devidamente assinado pelo Exmo. Sr. Presidente, chegue quando já não for mais senhor dos meus atos e decisões, peço, por caridade, que me prestem socorro, pois não desejo morrer. 5. Caso venha a falecer, gostaria que meus restos mortais descansassem junto ao Bom Jesus dos Navegantes, meu eterno irmão e amigo, a quem, com muito amor, doei toda minha vida, em Barra, minha querida diocese. 6. Peço, encarecidamente, que haja um profundo respeito por essa decisão e que ela seja observada até o fim. Barra, Bahia, domingo de Páscoa de 2005 Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM R.G.: 3.609.650 C.P.F.: 291.828.835-72 "Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho". - Frei Luiz • Carta ao presidente Lula Barra, 26 de setembro de 2005
Senhor Presidente Paz e Bem! Quem lhe escreve é Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM, bispo diocesano de Barra, na Bahia. Tive a oportunidade de conhecê-lo por ocasião da passagem do senhor por Bom Jesus da Lapa, na Caravana da Cidadania pelo São Francisco, em 1994. Isto aconteceu pouco tempo depois que fizemos uma Peregrinação pelo Rio São Francisco, da nascente à foz, com objetivo de conscientizar o povo ribeirinho sobre a importância do rio para a vida de todos e a necessidade de preservá-lo. Fui-lhe apresentado por meu professor de teologia, Frei Leonardo Boff. Sempre fui seu admirador. Participei ativamente em todas as campanhas eleitorais do PT, alimentando o sonho de ver o povo no poder. Desde que o Governo Fernando Henrique apresentou a proposta de transposição do Rio São Francisco, fomos críticos acirrados deste projeto. Desde então acentuamos a necessidade urgente de revitalização do rio e de ações que garantam o verdadeiro desenvolvimento para as populações pobres do nordeste: uma política de convivência com o semi-árido, para todos, próximos e distantes do rio. Esperávamos do senhor um apoio maior em favor da vida do rio e do seu povo. Esperávamos que, diante de tantos e consistentes questionamentos de ordem política, ambiental, econômica e jurídica, o governo revisse sua disposição de levar a cabo este projeto que carece de verdade e de transparência. Quando cessa o entendimento e a razão, a loucura fala mais alto. Em meu gesto não existe nenhuma atitude anti-Lula neste momento delicado da vida nacional. Pelo contrário. Quem sabe seja uma maneira extrema de ajudá-lo a entender pelo coração aquilo que a razão não alcança. Tenha certeza, é um profundo testemunho de amor à vida. Minha vida está em suas mãos. Receba minha saudação fraterna e amiga, Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM • Bispo em greve de fome recebe carta do presidente Lula
Olga Bardawil - ABrO bispo de Barra (BA), Dom Frei Luiz Cappio, que entrou no sétimo dia da greve de fome contra o projeto de integração do rio São Francisco, recebeu dia 01/10 carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entregue pelo assessor da presidência, Selvino Reck. Segundo o cientista social e porta-voz do religioso, Adriano dos Santos Martins, na carta o presidente Lula teria dito que o governo já está trabalhando na questão da revitalização do rio São Francisco. Depois de ler a carta, Dom Luiz escreveu à mão uma resposta ao presidente Lula, cujo conteúdo não quis divulgar. Dom Luiz co-celebrou uma missa ao lado do arcebispo de Feira de Santana, Dom Itamar Rian, que foi visitá-lo a pedido do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Dom Geraldo Majella. Segundo o porta-voz do religioso, como a capela é pequena, a missa teve que ser campal devido à quantidade de pessoas que se aglomeravam no local, a maioria pescadores da região, além de índios das tribos truká e tumbalalá. Eles dividiram o espaço diante da capela, às margens do rio, com autoridades que foram levar apoio ao bispo, entre elas, o governador da Bahia, Paulo Souto, e os senadores Teotônio Vilela, César Borges e Heloísa Helena. Segundo Adriano Martins, Dom Luiz compartilhou a leitura da carta com mais cinco pessoas: o arcebispo de Feira de Santana, Dom Itamar Rian, Ruben Ciqueira, da Pastoral da Terra, Luciana Cury, representante do Ministério Público, e seu sobrinho, Luiz Roberto Cappio Guedes, que é juiz da comarca de Teofilândia (BA).
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